África é um nome de força que guarda um universo enorme em si. Para o Bando de Teatro Olodum, é plural: são muitas as Áfricas que existem no continente. E é este o título do espetáculo que celebra uma década e que traz a companhia de volta a Fortaleza neste fim semana, depois de oito anos desde que esteve aqui pela primeira vez. No palco, a resistência negra de um grupo baiano que teima em avançar em discussões para quebrar tabus e racismos.
Com cores, sons, imagens, corpos múltiplos e magia, a peça chega à Caixa Cultural, em temporada de amanhã a domingo. Os ingressos começam a ser vendidos hoje, às 10 horas, apenas de forma presencial, na bilheteria.
“É o primeiro espetáculo infantil do Bando. A gente sempre colocou as questões raciais no palco e sentimos a necessidade de levar este tema para as crianças também”, conta a atriz Valdinéia Soriano. “A gente fez uma pesquisa muito intensa. Lemos muito mais de 20 contos infantis africanos. O espetáculo é super colorido, com tecidos africanos”, adianta. A peça já percorreu cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Brasília, Maranhão e Espírito Santo, mostrando a imensidão de um continente tão estereotipado. “A África vai além, muito além dos animais selvagens e da fome que tanto querem reafirmar por aqui”.
Em cena, o grupo atua, canta, toca e dança, em cenas costuradas por muita música. O repertório é todo autoral, assinado por Jarbas Bittencourt, que teceu as composições, especialmente, para o projeto. Já as coreografias levam o nome de Zebrinha, bailarino e diretor artístico, atuando no Bando desde o início. No grupo, ele já participou da montagem de espetáculos, como Cabaré da RRRRRaça e Sonho de uma noite de verão. “A harmonia também foi uma busca muito intensa. A gente usa instrumentos africanos, como balafon e xequerê”, conta Valdinéia.
O Bando nasceu na Bahia de 1990, vinculado ao bloco Olodum, laço que foi desfeito um tempo depois. A cantora Virgínia Rodrigues foi revelada quando fez parte da companhia. No repertório do grupo estão espetáculos robustos, como Medeamaterial, dirigido pelo fundador Marcio Meirelles e com Vera Holtz no elenco, e Ó Paí, Ó. Este segundo, assinado por Márcio Meirelles, teve Lázaro Ramos no elenco, como Roque, e também foi adaptado para cinema e série de TV.
Espetáculo Áfricas
Quando: amanhã, 15h; sábado, 16h e 18h; domingo, 16hOnde: Caixa Cultural (avenida Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
Quanto: R$ 10 (inteira)Telefone: 3453 2770