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Lorena Nunes lança clip que mistura música com artes plásticas
Vida & Arte

Lorena Nunes lança clip que mistura música com artes plásticas

Trabalho que une três artistas de linguagens diferentes, Bom dia, saudade, novo clipe da cantora Lorena Nunes, será lançado amanhã em programação do Centro Dragão do Mar. Vida&Arte acompanhou gravação
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O sol ainda não nasceu e a Praça dos Leões em nada lembra as manhãs agitadas de venda de livros ou as noites de catuaba e glitter. No alto da janela do terceiro andar do prédio onde funciona o Bar Lions, a cantora Lorena Nunes está absolutamente parada. O jeito expansivo dá espaço para a calmaria que uma modelo vivo precisa ter. Naquele tempo em suspensão, entre a noite e o dia, três artistas estão em sintonia em torno da gravação de um clipe: Bom dia, saudade. A música, que inaugura novo momento da carreira da compositora, se completou pelo olhar da artista visual Raisa Christina e do realizador em audiovisual Miguel Cordeiro. O Vida&Arte acompanhou as gravações.

“Desculpa, não vou poder olhar para você”, se justificou a cantora diante da chegada da reportagem. A artista já estava a postos para começar a ser pintada. Tinha, enfim, encontrado uma posição confortável para virar cores na tela de Raisa. “Mas tem café, pode pegar...”, recebe, logo se corrigindo. “Não, acabou, você pode fazer?”. Bloquinho e caneta de lado e, enquanto, Miguel filmava e Raisa pintava, um café novo era passado e acentuava ainda mais a atmosfera de um nascer de sol regado a melancolia. Na caixinha de som, a canção em repeat: “Bom dia, saudade, vem cá, senta aqui, estou fazendo um café”.
Metalinguagem pura.

[SAIBAMAIS]

A ideia do clipe veio para Lorena durante uma consulta médica para tratar o joelho machucado — “Tive a epifania dentro da máquina de ressonância” — e tem a subjetividade como guia. Para falar de saudade, ela não “queria um roteiro caretinha com personagens contando uma história” e, sim, um registro audiovisual que suscitasse as memórias de cada espectador. Por isso, quis incluir a pintura — essa arte tão impregnada de subjetividade.


A canção ressignifica o fim de um relacionamento de Lorena. “Namorei durante dois anos a distância... Eu não aconselho isso. Não indico”, se interrompe, achando graça do que já foi dolorido. “Essa música foi uma âncora do meu processo de aprendizagem depois do fim do relacionamento. Foi como se fosse o que de melhor ficou de todo esse amor que foi bonito”, balanceia.

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Na hora de levar a letra e melodia (compostas em menos de uma hora numa manhã de sábado), a cantora logo pensou em Raisa — que atualmente tem pintado série de imagens com o tema saudade em intervenção urbana feita em murais na Universidade Federal do Ceará, no Benfica. A escolha do locação também não foi aleatória. “É um prédio que já presenciou muita coisa, né?”, aponta. E, no terceiro andar, numa janela de frente para a Praça, ela encontrou um canto para “sorrir por fora, o que dentro chora”, como versa o single. Lorena deve lançar ainda este semestre um EP e o seu segundo disco (sucessor de Ouvi dizer que lá faz sol, de 2014).


No encontro entre linguagens durante a gravação, alguns ruídos foram inevitáveis. “Se você se achar parecida com o Miguel não será à toa”, implicou Raisa, quando Miguel se meteu entre ela e sua modelo. A cumplicidade entre os três, porém, reinou e, apesar de todas as subjetividades que a situação pedia, estavam muito focados. Afinal, eles tinham uma certeza: o clipe seria lançado dali a quatro dias, no dia 12 de janeiro, no palco do anfiteatro do Centro Dragão do Mar, durante programação do Férias no Dragão.


Do lado oposto à técnica dos três, o acaso. No ápice do clipe, o sol surgiu forte, parecia até dirigido por Miguel (“6h46min da manhã e um sol desses? só em Fortaleza mesmo”, se espantou a cantora). Logo depois, uma chuva. Lorena se emocionou. “Chuva, no meu sistema de crenças, é sempre benção e confirmação. Representa também algo que pesou, tal hora escureceu, mas que descarrega de maneira leve”, poetiza, mirando um 2018 que, de tão marcante que se desenha, deve deixar saudade na carreira da artista de 31 anos. “A música, para mim, é uma grande cura. Por ela, eu me recebo, eu me acolho. Esse é o grande lance”.

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