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História real de crime inspira série Alias Grace, da Netflix
Vida & Arte

História real de crime inspira série Alias Grace, da Netflix

Baseada em livro de Margaret Atwood, série da Netflix acompanha o discurso de Grace Marks, jovem acusada de duplo homicídio que acabou escapando da forca no Canadá da década de 1840
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No Canadá da década de 1840, uma jovem de 16 anos escapa da condenação à morte após dividir a opinião do público, do júri, dos médicos e dos advogados sobre sua real culpa em um caso de duplo assassinato. As dúvidas sobre o envolvimento de Grace Marks, uma empregada doméstica de origem irlandesa, nas mortes de seu patrão e da governanta da casa permaneceram atormentando o sistema jurídico por décadas e mais décadas. Levada para a ficção pela célebre escritora Margaret Atwood, em 1996, a história da adolescente desafortunada foi transformada em série de seis episódios pela Netflix.


Alias Grace - título que batiza o livro e a série em inglês - condensa a história de uma jovem que passou por dezenas de abusos ao longo da vida. Logo no primeiro episódio, vemos Grace (Sarah Gadon) perdendo a mãe em trágicas condições em um navio. Era a primeira vez que a família cruzava o oceano. Das mãos de um pai alcoólatra e abusador, a menina passou para o cotidiano de trabalhos exaustivos nas nobres casa rurais. Grace trabalhava da manhã ao último minuto da noite e era recompensada com dois ou três dólares como salário mensal.


Não é possível definir se Grace é culpada ou inocente. Assim como fora da tela, a personagem tem características pouco confiáveis. É impossível confiar nas narrações da protagonista, que parece saber dizer exatamente aquilo que a plateia quer ouvir. Estaria Grace jogando com as expectativas alheias? Ela seria tão esperta para fugir da condenação utilizando apenas seu discurso de jovem indefesa e carente? Não podemos afirmar com certeza. E é justamente nas desconfianças que mora o ponto alto da série de seis episódios.


A protagonista conta sua versão dos fatos para Dr. Simon Jordan (Edward Holcroft), um jovem médico que deve produzir um relatório sobre a condição patológica de Grace Marks. Mas ela envolve o interlocutor em uma trama tão bem armada quanto as colchas que costuma bordar enquanto conversa com Simon. A dúvida permanece suspensa durante toda a produção. E, até a última cena, o médico se deixa guiar pelo enredo montado por Grace.

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Quando foi presa, Grace estava em plena fuga para os Estados Unidos ao lado de James (Kerr Logan), rapaz que trabalhava nos estábulos da propriedade e fora condenado à forca. A empregada escapou, viveu entre hospícios e prisões, sofreu mais uma dezena de abusos e, após décadas de claustro, ganhou o perdão. Simon não completa sua missão de determinar se Grace foi autora de um plano maléfico ou se ela era apenas uma jovem perturbada e histérica feita de ferramenta em um esquema de homicídio mal sucedido. Resta ao público tentar desvendar a dúvida que assolou os sistemas jurídicos e médicos do Canadá.

 

Saiba mais


Dirigida por Mary Harron e roteirizada por Sarah Polley, Alias Grace faz um bom uso do texto de Margaret Atwood, escritora conhecida no Brasil pelo livro O Conto da Aia , que também foi transformado em série audiovisual.

 

A versão em português mais recente de Alias Grace foi publicada pela Editora Rocco, em setembro último, com o título Vulgo Grace. O sucesso recente da autora no Brasil fez com que várias de suas obras antigas ganhassem novas edições em português. 

 

Serviço 


Alias Grace
Seis episódios disponíveis: www.netflix.comVulgo Grace
Autora: Margaret Atwood
Editora Roccoreço médio: R$ 49,90

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