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Getúlio Abelha fala sobre o hit Laricado e suas referências
Vida & Arte

Getúlio Abelha fala sobre o hit Laricado e suas referências

No Mercado São Sebastião, sob olhares e interações curiosas, o Vida&Arte conversou com Getúlio Abelha, autor do hit Laricado, sobre seu trabalho e suas múltiplas referências
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Vestido rosa com estampa da Minnie, cabelo vermelho, bigode e cavanhaque feitos de maquiagem. O artista Getúlio Abelha chama a atenção de quem passa. Estamos no estacionamento do Mercado São Sebastião e a “distorção do mundo” proposta por ele faz efeito rápido. “Eu penso que é como se eu aparecesse no meio do caminho das pessoas para distorcer o dia delas. Por isso gravei o clipe aqui”, conta, referindo-se ao vídeo da música Laricado, postado na internet no início de dezembro, um sucesso nas redes sociais e além delas. “As pessoas acordaram, vieram trabalhar e, do nada, chegou um viado parecendo um redemoinho, girando nos corredores. Isso provoca, envolve todo mundo: um cara faz piadinha e eu respondo com outra, uma tia se afeta e pede um abraço. É aí que meus objetivos são atingidos”.


Na manhã da entrevista, são muitos os olhares e as interrupções. “Tu é aquele cantor, né, que canta…?”, aproxima-se um homem que descascava milho próximo dali. “Como é…?”, ele segue, para irromper a cantar: “Seu amoooor me pegou!”. “É, sou. A Pabllo Vittar. Sou eu”, afirma Getúlio, rindo. “Taí, eu num disse que era!”, comemora o homem, gritando para os amigos que acompanhavam a interação de longe. “Prazer, parceiro!”, e a conversa se encerra. Na hora das fotos, passantes pedem para serem fotografados com o jovem. Em outro momento, uma senhora se aproxima para “pregar a palavra”: “Não importa nada, o que importa é fazer a vontade de nosso Deus, né?”. Getúlio complementa: “O que importa é o amor”. Ela concorda.

[SAIBAMAIS]

O artista começou “oficialmente” na arte com o teatro, na Universidade Federal do Ceará, mas hoje não se define. “Eu sei lá o que eu sou! Não importa a linguagem, sou o que tiver afim de ser. Posso não ter a técnica, mas tenho sensibilidade. Trabalho primeiro a ideia e depois me viro pra fazer”, explica. É a partir disso que o artista ficou conhecido em especial como cantor após Laricado. A música é parte de um projeto musical chamado Corta Fogo, ligado a memórias e à infância de Getúlio no Piauí, onde frequentava “bar, karaokê, seresta, show de forró”.


“Eu sou muito de memória e esse projeto está ligado à raiz. É como se eu pegasse isso e unisse ao que sou agora e o mundo precisa. O fato de estar fazendo música de forró, ‘brega’, tá ligado ao fato de que, quando criança, todo fim de semana eu tava num show de forró porque o meu pai, solteirão e raparigueiro - aquela coisa que o forró ensina a gente a ser - me tinha como único filho e me levava”, reconta. “Me interessa pegar questões que estão relacionadas a uma cultura muito ruim que é disseminada aqui no Nordeste, no forró, e de alguma maneira tentar falar: opa, fui criado com essas referências, mas hoje sinto que posso mostrar que existe outro caminho possível pra esse gênero e essa cultura”, ressalta.

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