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Morre o cineasta Fernando Birri
Vida & Arte

Morre o cineasta Fernando Birri

O diretor argentino de 92 anos era considerado "o pai do novo cinema latino-americano". Ele foi um dos homenageados do 16º Cine Ceará, em 2006
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O cineasta Fernando Birri, considerado o pai do novo cinema latino-americano, morreu aos 92 anos, em um hospital em Roma, na Itália, na noite da última quinta-feira, 28. Birri nasceu em Santa Fé, na Argentina, e lá fundou a Escuela Latino-Americana de Documentales.

Também foi, junto com o escritor Gabriel García Márquez, um dos fundadores da Escola Internacional de Cinema e TV de San António de Los Baños, em Cuba, e em 15 de dezembro de 1986 pronunciou o discurso de inauguração, antes de abraçar o líder da revolução cubana, Fidel Castro.


O Ministério da Cultura de Cuba lamentou a morte do diretor, que fez “importantes contribuições à cinematografia continental, em seu empenho por expressar com autenticidade a história regional”.


“Espera-se utilizar o cinema a serviço da Universidade, e a Universidade a serviço da educação popular”, disse Birri certa vez, lembrou a Universidade Nacional do Litoral, ao lamentar sua morte.

“Até sempre, presidente”, anunciou em sua página de Facebook o Festival de Cinema Latino-americano, que Birri fundou em 1985 em Trieste, nordeste da Itália. “Imaginativo, hiperbólico, irreverente, dissonante, grandiloquente, genial, mas também poético, sonhador e inspirador”, complementava a homenagem.


Em 1961, seu longa-metragem Los inundados ganhou o prêmio de obra-prima na Mostra de Veneza. Depois chegaram La Pampa gringa (1963), Org (1978), Mi hijo el Che (1985), Che, ¿muerte de una utopía? (1997), El siglo del viento (1999) e El Fausto Criollo (2011), seu último filme. Embora curto, Tire Die - Jogue Uma Moeda, de 1958, é considerado sua obra-prima, e um marco da latinidade. Rodado em Santa Fé, o filme traz imagens devastadoras da infância miserável na cidade em que nasceu.


Homenagens


Fernando Birri recebeu, em 1986, o Prêmio Coral de Honra no VIII Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano, em Havana, e em 2005, foi homenageado no É Tudo Verdade, principal festival dedicado exclusivamente a documentários. Em 2006, quando a Escola de Cinema de Cuba completou 20 anos, o 16º Cine Ceará, em sua primeira edição como Festival Ibero-americano de Cinema e Vídeo, também homenageou o cineasta com o Troféu Eusélio Oliveira, pelo papel fundamental que exerceu no cenário do audiovisual mundial.


O cineasta, diretor da Casa Amarela Eusélio Oliveira, da UFC, e também Diretor Executivo do Festival Ibero-americano de Cinema Cine Ceará, Wolney Oliveira, destaca que todos os trabalhos de Birri repercutiram na história do cinema mundial. “Ele era um mestre. Ele foi uma pessoa que tinha uma ótima relação com a sétima arte, de forma que atravessou gerações e criou filmes importantes e escolas que são referências para quem estuda cinema”.


Wolney, que foi aluno da primeira turma da Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, lembra que Birri escreveu o livro O Alquimista Democrático – Por um Novo Novo Novo Cinema Latino-Americano e o lançou durante o Cine Ceará, em 2006.

Ele ainda desenhou a logomarca do festival daquele ano. “A imagem simboliza o sol que ilumina nossa história e terra desde os primeiros raios até as lutas atuais”, complementa. (Gabriel Amora/Especial para O POVO, com agências)

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