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Com texto de Matéi Visniec, alunos da UFC estreiam peça
Vida & Arte

Com texto de Matéi Visniec, alunos da UFC estreiam peça

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Em cena, o conflito pulsa: um pai e uma mãe lutam pelo direito de enterrar o filho. A história tem como cenário um país que, após muita guerra, acabou conquistando a independência. Muitos soldados, porém, sucumbiram e os restos mortais desses combatentes nunca foram encontrados. Essa dramaturgia, com intensa carga dramática, foi escrita pelo consagrado autor romeno Matéi Visniec e agora chega aos palcos cearenses em montagem do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sob direção de Juliana Carvalho, a peça A palavra progresso na boca de minha mãe soava terrivelmente falsa faz temporada, até a próxima sexta-feira, 15, no Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno.


A diretora explica que a escolha pelo texto revela o desejo de falar do contexto atual brasileiro. “A gente queria trabalhar algo que provocasse uma discussão política, social e de resistência nesse mundo tão louco que estamos vendo e nesse contexto de golpe político que a gente está vivendo”, aponta, detalhando que, apesar de remeter a uma realidade distante, o texto está muito próximo das urgências da turma de alunos-atores. “O texto fala dessas relações negociáveis das vendas dos corpos vivos e mortos. Acabamos acessando uma provocação para pensar quais são os mortos anônimos do nosso País?”, reflete.


O elenco é composto por Bento Guimarães, Dani Chaves, Davi Amaral, Davi Neto, Jeferson Tinoco, Lucas Baber, Lucas Madi, Marcos Paulo, Nágila Holanda, Priscila Cordeiro, Raquel Colares e Suy Melo. A construção da obra contou ainda com a presença de professores de outras universidades. A cenografia é de Rodrigo Rocha, professor de teatro da Universidade Regional do Cariri e o figurino é de Ricardo Andrés Bessa, professor de moda da Universidade de Fortaleza.


“A montagem fala sobre como as relações de poder mobilizam o âmbito familiar, social e como o poder manipula a subjetividade”, aponta o ator Marcos Paulo, que também assina a assistência de direção. “Uma guerra acaba mexendo com todo um sistema econômico e a morte acaba trazendo também uma questão econômica. O capitalismo influência até sobre os mortos”, completa.


Na trama, a narrativa desses pais começa com a volta deles a esse país outrora comunista que, no pós-guerra, se tornou capitalista. Eles se deparam com a casa em ruínas e têm de conviver com a ausência do filho. A busca pelos restos mortais desencadeia questões políticas e sociais de ordem macro. O amor e a dor de uma mãe resistem ao progresso e à mercantilização da vida e da morte. 

 

Serviço

 

A palavra progresso na boca de minha mãe soava terrivelmente falsa

Quando: 11, 12, 13, 14 e 15, sempre às 19 horas

Onde: Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno (Av da Universidade, 2210)

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