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À vontade para florescer diálogos
Vida & Arte

À vontade para florescer diálogos

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A escrita simples e honesta de três garotas recém-chegadas na universidade floresceu em forma de revista. As estudantes do 2º semestre de Jornalismo da UFC, Beatriz Rabelo, Marcela Tosi e Dominick Maia, lançaram a Flor do Mandacaru, uma produção que explora o feminismo dentro e fora da universidade, com foco no que acontece no Ceará. Orientadas pela professora Naiana Rodrigues, as meninas foram ganhadoras do Prêmio Jovem Jornalista Pacheco Jordão, do Instituto Wladimir Herzog. A vontade de falar sobre a luta das mulheres e de fazer o “jornalismo como tem que ser”, segundo Marcela, foi a maior motivação para reunir artistas, coletivos e personagens para construir a revista. A primeira edição está disponível online.


A ideia da coletividade feminina (ou sororidade) é um aspecto que perpassa toda a edição. Desde as artistas apresentadas na revista até as articulistas, todas são engajadas na busca por equidade de gênero. São mulheres como a grafiteira Tereza Dequinta e a escritora Lola Aronovich. A resistência que a flor do mandacaru tem para nascer, mesmo em meio a seca, também reflete na atitude das convidadas. “São mulheres muito fortes. Mesmo que a sociedade não queira que mulheres falem sobre feminismo, elas continuam lá”, afirma Beatriz.


Inspiração de mulheres fortes não faltou na vida de Marcela e Beatriz. Na criação de Beatriz, a mãe, que participava de movimentos sociais, sempre frisou a importância de ser livre e independente. “Achava que eram coisas de mãe, mas à medida que fui crescendo, percebi como é complicado a vida de uma mulher e como o feminismo é fundamental”, relata. Já Marcela conta que as mulheres de sua família são “feministas que não se denominam feministas”. Ela diz que só foi ter contato com a luta pelos direitos das mulheres quando entrou na primeira graduação, em 2013.


Apesar de serem novas no curso de Jornalismo, as experiências anteriores das meninas mostraram uma preparação que a orientadora do projeto, Naiana Rodrigues, não esperava. “Minha tensão no início do projeto era porque as meninas ainda eram ingressantes no curso. Mas quando recebi os textos e tive as primeiras conversas sobre diagramação, respirei, porque elas eram pequenos diamantes brutos que eu precisaria apenas lapidar”. A professora afirma que as garotas têm um “talento latente”. Para Beatriz, a liberdade que recebeu da professora foi uma das coisas que mais contribuiu para o aprendizado.


Regar umas às outras

Dentre as entrevistadas, a menina Lara e sua mãe Mara foram das mais tocantes. A garota de 12 anos se descobriu transexual ainda na infância, passando por uma transição tocante, porém sempre com a ajuda da família. Pouco tempo depois da entrevista, em novembro passado, a matrícula de Lara foi rejeitada pela escola na qual estudava. Mara publicou a situação no seu perfil do Facebook e a história foi assunto em vários jornais do País. O que impressionou Beatriz foi a força e a clareza de ideias que Lara têm sobre sua realidade. “Elas têm uma força que eu ainda não tenho, mas que posso ter”, afirma Beatriz sobre a vontade de ajudar mulheres para que possam crescer juntas e florescer nas próximas primaveras.

 

SERVIÇO

 

A revista Flor de Mandacaru está disponível em goo.gl/8RSPr9


 
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