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Mostra coletiva reúne obras de três jovens artistas cearenses
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Mostra coletiva reúne obras de três jovens artistas cearenses

Mostra coletiva reúne obras de três jovens artistas cearenses que refletem sobre apassagem do tempo em diferentes aspectos
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Três jovens artistas cearenses decidiram lançar olhares pessoais para diferentes formas da passagem do tempo. Feitas independentemente, as obras de Cadeh Juaçaba, Diego de Santos e Sérgio Gurgel foram aproximadas pela curadoria de Aldonso Palácio e, agora, encontrarão o público na exposição Atos de Passagem, que abre hoje, às 19 horas, na galeria do Street Mall.


Como galerista da Contemporarte, Aldonso conta que acompanhou “de perto” as produções dos jovens artistas e, assim, conseguiu estabelecer correlações. “Percebemos conexões tanto estéticas quanto temáticas. Não foi algo pedido para a exposição, foi algo que descobrimos. Na obra dos três há tons monocromáticos e reflexões sobre a passagem do tempo”, destaca o curador, que ainda ressalta: “cada um deles, no entanto, olha para isso por um aspecto diferente”.

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Aldonso explica que a passagem do tempo que interessa para Cadeh é aquela das “paredes, muros, fachadas e postes da cidade”. O trabalho do jovem reflete sobre as publicidades, lambe-lambes e cartazes que revestem Fortaleza e, também, sobre como a deterioração deste material fala do envelhecimento da própria Cidade.


Diego, por sua vez, debruça sua pesquisa na “teoria dos chemtrails”, uma ideia conspiratória que defende que os rastros deixados pelos aviões no céu são produtos químicos sendo espalhados pelo mundo para causar danos à população. “Apropriando-se dessa conspiração, ele desmonta teorias desse tipo, fazendo uma ‘mini-paródia’ delas, e isso diz muito do tempo de hoje, da aceitação de teorias malucas como, recentemente, da terra ser plana. O tempo aqui é um ‘tempo da consciência’”, diz o curador.


Já Sérgio, natural de Acopiara e descrito por Aldonso como “totalmente fora de seu tempo, quase uma espécie de alienígena”, traz pinturas de partes envelhecidas dos corpos de figuras que passaram pela vida do artista. Na exposição, ele apresenta grandes obras que retratam extremidades do corpo humano que levam em si as marcas e rugas do tempo passado: a mão de uma rezadeira de sua cidade natal e o pé do dono de uma banca do Centro de Fortaleza. “No meu trabalho, em geral busco resquícios de tempo. Tanto na representação da pele quanto nos objetos e em como nosso corpo vai interferindo, riscando histórias”, afirma.

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Sobre a aproximação de sua obra com as produções de Cadeh e Diego, Sérgio diz encontrar relações entre elas, mas credita a concretização da exposição à sensibilidade do curador. “Há um ano eu não estava inserido no circuito das exposições, dei uma parada há mais ou menos dez anos. Vendo a cena de hoje, é muito diferente. O momento que a gente vive assusta um pouco quem é artista, mas percebo uma movimentação dos artistas, um companheirismo. Nós três mantemos contato, nos visitamos, trocamos ideias”, aponta. “Eu consigo ver algumas relações nas obras. O Cadeh traz os resquícios da cidade, o Diego trabalha com o resquício dos aviões, meus resquícios são ligados às pessoas. As cores também, todos trabalhamos no cinza, preto e branco, cada um com um propósito. Mas o paralelo, a aproximação estética, foi realmente traçado pelo Aldonso. É muito bom ter um olhar de fora, e ele teve essa sacada”, aponta.


“O mercado de arte de Fortaleza tem um interesse maior por artistas já falecidos, que tem grande valia no cenário nacional. A gente acredita também no artista e no consumo da arte contemporânea. Os três artistas da exposição certamente vão crescer na carreira e acreditamos que as coleções de Fortaleza podem absorver essa arte”, defende Aldonso. “Na exposição, os trabalhos estão em plataformas convencionais, moldura, tela. Isso talvez seja o mais significativo dessa exposição: o suporte convencional também suporta temas contemporâneos”, defende Sérgio Gurgel.

 

DISTINTOS RESQUÍCIOS DO TEMPO

1. Na produção exposta do acopiarense Sérgio Gurgel, o artista investiga a passagem do tempo nas rugas e marcas da pele. 2. A produção de Cadeh Juaçaba se debruça nos muros de Fortaleza para refletir sobre o envelhecimento da Capital. 3. Diego de Santos traz “um tempo de consciência” em sua pesquisa artística sobre os rastros que os aviões deixam no céu.

 

SERVIÇO

 

Atos de Passagem

Quando: abertura hoje, às 19 horas. Visitação até 23 de dezembro (segunda-feira a sábado, das 14h às 20 horas)

Onde: Galeria do Street Mall (rua Marcos Macêdo, 655 - Aldeota)

Entrada gratuita.

 

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