Logo O POVO+
Emicida canta sambas de Cartola no RioMar
Vida & Arte

Emicida canta sambas de Cartola no RioMar

Emicida sobe ao palco do Teatro RioMar Fortaleza com repertório clássico do sambista Cartola
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

Emicida sempre bebeu nas fontes do samba. A malemolência do ritmo esteve presente na vida do menino criado na zona norte de São Paulo. Quando criança, entre uma brincadeira e outra, o garoto escutava os nomes mais famosos do gênero em bares e festas. De tanto ouvir, aprendeu a amar Cartola, autor do clássico disco Verde Que Te Quero Rosa (1977). Nesta sexta-feira, 24, no Teatro RioMar, o rapper sobe ao palco para enaltecer o repertório do sambista. “Eu vejo o rap e o samba como gêneros muito semelhantes no sentido de sua origem nas quebradas e no fato de terem sido durante muito tempo marginalizados. A meu ver ambos têm isso em seu DNA”, aponta Emicida.


O rapper paulista de 32 anos se considera um otimista, mesmo no contexto de crise e polarizações que o Brasil vive. “Sem contar que para o povo da periferia a vida nunca foi fácil. Então, sem novidades, seguimos lutando”, sentencia Emicida, que, contra todas as perspectivas ruins, lançou dois álbuns de estúdio, circulou com turnês pelo Brasil, ficou conhecido por suas canções, tocou nas grandes emissora de rádio, lançou clipes e viajou para os países africanos em busca de suas fontes primordiais.


A vida pode até ter sido generosa com o músico, mas ele nunca deixou de trabalhar. “Eu nunca em toda a minha trajetória tive nem por um segundo a sensação de que estava me vendendo a algo em que não acredito para poder ganhar dinheiro, isso seria uma grande violência comigo mesmo. Acho importante trabalharmos para elevar o nível da discussão e olhar para os problemas que de fato estão à nossa frente enquanto cidadãos mesmo. Não é o Emicida fazer isso ou aquilo que vai desonrar o hip hop”, explica, lembrando que o conceito de “se vender” está enraizado em um conhecimento superficial da cultura hip hop. “E também em um preconceito no sentido de que, porque nos orgulhamos de nossa cor, de ser quem somos, de nossas origens, simplesmente não temos o direito de conseguir melhorar de vida, melhorar o ambiente a nosso redor, melhores condições às nossas família”, dialoga o rapper.


Em dezembro, depois de circular com a turnê Emicida canta Cartola por três cidades nordestinas - Fortaleza, Natal e Recife -, o rapper volta para a África. Vai fazer um show em Luanda, capital da Angola. “Nem que eu quisesse deixaria de beber nessa fonte. Está no meu DNA, meus ancestrais. O continente africano é parte de mim também, da minha história. Quero me aprofundar cada vez mais nela, em meus antepassados”, aponta o rapper, que também acumulou no currículo uma coleção de prêmios.


Apesar do tom crítico e da luta contra as adversidades, Emicida historicamente mantém a alegria em suas apresentações. O show de hoje - mesm repleto de palmas e de interações com o público - é uma ode contra o racismo, a exploração e o preconceito. “A única maneira de acabarmos com este problema (racismo), que pra mim é o maior do Brasil e desencadeador de vários outros, é falando abertamente sobre ele, admitindo sua existência. Varrer para baixo do problema para não lidar com a vergonha que é o racismo em nosso País, não vai nos tirar deste ciclo, indo ladeira abaixo cada vez mais”.


SERVIÇO

 

Emicida canta Cartola

Quando: sexta-feira, 24, às 21 horas

Onde: Teatro RioMar Fortaleza (Rua Desembargador Lauro Nogueira, 1500 - Papicu)

Quanto: de R$ 30 a R$ 160

Ingressos no site Ingresso rápido (www.ingressorapido.com.br)

Outras informações: teatroriomarfortaleza.com.br

SAIBA MAIS


Emicida Canta Cartola terá violão sete cordas, guitarra, cavaco, bateria, percussão, baixo, flauta e saxofone. A direção musical é assinada por Emicida e Thiago França (músico do Metá Metá). O DJ Nyack é responsável pelo toca-discos. A apresentação brinca com as canções conhecidas pelo público, realiza novas roupagens e resgata clássicos como Disfarça e Chora e Alvorada.

 

O que você achou desse conteúdo?