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Cardoso Júnior inaugura exposição na Kaleidoscope
Vida & Arte

Cardoso Júnior inaugura exposição na Kaleidoscope

Reunindo pinturas, fotocomposições e objetos, série de trabalhos inéditos compõe individual, que será aberta hoje e segue até 20 de janeiro
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Artista plástico, ilustrador e designer gráfico, Cardoso Júnior integrou, na década de 1980, o Fratura Exposta, grupo de referência e efervescência na arte cearense ao lado de nomes como Mário Sanders e Sebastião de Paula. Através da Filosofia, área em que possui mestrado (com ênfase na estética), o artista amarra seu trabalho tendo como alicerce, sobretudo, um constante questionamento acerca do mundo.


A partir de temas como vida, morte, solidão, entre outros, Cardoso Júnior elaborou, de 2014 para cá, uma série de trabalhos – entre pinturas, fotocomposições e objetos – que, juntos, formam seu Tratado sobre o Tempo. A individual terá abertura hoje, 30, às 19 horas, na Kaleidoscope Galeria (Centro), seguindo em cartaz até o dia 20 de janeiro com visitação gratuita de segunda a sábado.


“A exposição versa sobre várias questões ligadas ao tempo. Historicamente, existe a busca de um prazer incessante, a coisa de eternizar-se jovem que, na verdade, seria o medo do desconhecido. Então há uma reflexão sobre isso. E, a partir desse eixo, vai-se para vários lados. Mas o eixo central seria essa relação vida/morte e como a morte, predominantemente, determina uma série de comportamentos”, explicou o artista.

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Mário Sanders, artista visual e parceiro de Cardoso Júnior desde a época do Fratura, é quem responde pela curadoria da mostra. “Ficamos sempre opinando sobre o trabalho do outro e, recentemente, participamos do Festival Concreto com um trabalho de arte urbana chamado Fora de Registro. Não é que seja um projeto ‘lado B’ da gente, mas possui uma proposta diferenciada”, complementou.


Um corpo não-santo, que transcende, torna-se recorrente em Tratado sobre o Tempo, que reúne 20 trabalhos. “Nas fotocomposições (a partir de imagens sacras, do renascimento e da anatomia humana), é o que eu chamo de transcendência reversa. Não no sentido de uma crítica à religiosidade, mas algumas pessoas veem de uma forma negativa. A sociedade ocidental lida muito mal com essa questão da morte”, afirma.


Quanto aos objetos, no caso de obras como Pequeno tratado sobre as esperanças perdidas e Síndrome de Caim, o artista debruça-se com um olhar bem mais político. “Na primeira, trata-se de uma pirâmide invertida, que seria o mais fraco sustentando o mais rico”, resume. A segunda “evoca a morte porque toda morte é sobre um irmão e todos nós somos responsáveis enquanto sociedade. Eu quis mostrar que nós sofremos dessa síndrome por não tratarmos o outro como nossa responsabilidade”.


O questionamento acerca da figura humana seria a marca registrada ao longo de sua trajetória. “Mesmo que difiram esteticamente de uma época para a outra, meus trabalhos sempre criam um certo incômodo. Por uma questão cultural, a arte é vista como um elemento meramente decorativo. Não que não possa ser, mas ela (arte) tem várias funções e uma delas - fundamental! - é também questionar a própria realidade. A arte é a manifestação do que há de maior no ser humano”, conclui.

Teresa Monteiro

 

SERVIÇO

 

Tratado sobre o Tempo, de Cardoso Júnior

Quando: abertura hoje, 30, às 19h, seguindo até 20 de janeiro

Onde: Kaleidoscope Galeria (rua Franklin Távora, 604 – Centro)
Horários de visitação: das 10h às 19 horas (segunda a sexta) e das 10h às 17 horas (sábados)

Entrada franca

Outras info: (85) 3253 1806

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