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Musical A Hora da Estrela, inspirado em livro, é encenado em Fortaleza
Vida & Arte

Musical A Hora da Estrela, inspirado em livro, é encenado em Fortaleza

Vida&Arte acompanhou ensaio do musical A Hora da Estrela, inspirado no clássico livro de Clarice Lispector, que tem estreia em Fortaleza marcada para novembro
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Escrito por Clarice Lispector há 40 anos, o livro A Hora da Estrela foi adaptado para o cinema em 1985, com direção de Suzana Amaral. O filme marcou a carreira da paraibana Marcélia Cartaxo, que deu vida à virgem e ingênua migrante nordestina Macabéa. Pelo papel, a atriz recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim. Décadas depois, Marcélia acompanha o processo de uma nova adaptação do livro: em Fortaleza, ele ganha uma versão musical. Com previsão de estreia para o dia 2 de novembro, o espetáculo conta com produção executiva e roteiro de Allan Deberton. O Vida&Arte acompanhou no domingo, 1º, um dos ensaios que tiveram a presença e o olhar atento de Marcélia.

[SAIBAMAIS]

Em uma das salas da The Biz - Escola de Artes, no bairro Guararapes, Marcélia conduzia os atores-cantores-dançarinos Tuane Toledo, Germana Guilhermme, Larissa Góes e Vinícius Cafer, que realizavam a primeira leitura de algumas das cenas. Tuane, do interior de São Paulo, interpreta a nova Macabéa, enquanto os outros três se dividem entre as personagens restantes, que vão da cartomante Madame Carlota ao narrador Rodrigo S.M., passando pelas garotas da rádio e por Olímpico de Jesus.


No texto de uma das cenas lidas, a protagonista é incentivada por colegas a beber, ir até o chão e “dançar coladinho” numa balada. Elementos temporais posteriores ao ano de publicação da obra entram em cena: de referências a Sua Cara, hit cantado por Anitta e Pabllo Vittar, a Total Eclipse of the Heart ao piano. “O espetáculo foi montado para fazer a história atemporal. É tanto que tem cenas que remontam ao passado, mas ao mesmo tempo Macabéa tem um celular de última geração que comprou em 12 vezes no cartão”, exemplificou Allan. Além da temporalidade, outra preocupação, destaca ele, foi a universalidade. “Nas músicas, nos inspiramos em vários ritmos. Tem referência havaiana, MPB, jazz, para podermos colocar a história num espaço universal”, avançou.


Nas leituras, Marcélia atenta para as inflexões e, especialmente, as intenções de cada fala. A atriz e Allan são amigos há alguns anos, já trabalharam juntos em curtas dirigidos por ele, e agora dão seguimento à parceria - além de acompanhar a parte de interpretação do musical, Marcélia será a protagonista de Pacarrete, primeiro longa de Allan, a ser filmado no ano que vem. “A única referência visual que se tem da personagem vem do filme, então não tem como fugir disso, e a Marcélia está ajudando demais”, contou Tuane. “Ela é a própria Macabéa, naturalmente. E essa é a parte mais difícil, ser naturalmente simples. Porque ela simplesmente…
é”, confessou.


“Para mim, é um orgulho muito grande poder ver A Hora da Estrela contada de várias formas. Eu acho que vai ser uma coisa muito grandiosa, isso aqui”, previu Marcélia. “A Maca virou um pouco uma marca registrada na minha vida, se eu estou no teatro, no cinema, sempre é Maca. Acho incrível, porque a gente consegue ver que o trabalho se expandiu, que essa nova geração tem a vontade de expandir ainda mais a história”, apontou a atriz. Apesar de ser referência para a construção de Tuane, Marcélia aponta diferenças. “Essa coisa da Macabéa cantar engrandece mais, forma outra Macabéa. Foi uma grande novidade para mim. Mas todas as músicas dela falam de si, de coisas existenciais”, ponderou.

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