Era outubro de 1967 quando o Ceará recebeu uma notícia inesperada que deixou em choque os gestores culturais, a classe artística e os apreciadores de arte: Antônio Bandeira, ícone do abstracionismo, morreu em Paris após se submeter a uma cirurgia. O dia 6 ficou marcado como a data na qual o País perdeu um de seus artistas mais notórios, que já acumulava respeito internacional e tinha uma carreira mais que promissora. Amanhã, dia de sua morte, uma exposição será aberta com obras provenientes de coleções particulares.
A mostra será montada na Galeria do Palácio da Abolição e tem promoção do Instituto Antônio Bandeira, gerido por parentes do pintor, e pelo Governo do Estado. Há registros - explica Francisco Bandeira, sobrinho do abstracionista e também artista plástico - apontando que Antônio produziu mais de cinco mil imagens ao longo da carreira. Mais teria sido feito, ele diz, se a morte precoce - aos 45 anos - não tivesse interrompido a produção, os projetos e os pequenos prazeres do pintor.
Além das obras - que se dividem entre telas, desenhos, guaches e aquarelas - a mostra terá objetos pessoais guardados pela família após a morte do pintor. Os itens, explica Francisco sem exemplificar quais são os objetos - foram retirados do ateliê do artista em Paris logo após sua morte e trazidos ao Brasil.
Do crepúsculo ao noturno por Antônio Bandeira é o título da exposição que fará um passeio por obras do abstracionista guardadas em coleções particulares. A visitação, que é gratuita, poderá ser feita até 6 de novembro em horário comercial. Além de Francisco, a curadoria é executada pelo estudioso Carlos Macedo. “A proposta é resgatar e mostrar. Pois o que está guardado precisa ser exibido aos cearenses também”, aponta Francisco Bandeira.
Essa exibição de “tesouros” do artista plástico é uma das missões do Instituto Antônio Bandeira. Com base em Fortaleza, a instituição realiza catalogação e acompanhamento das obras do abstracionista cearense. “Nós queremos cuidar do legado deixado por ele”, explica Nilson Bandeira, sobrinho do pintor e presidente do Instituto.
“Temos bancos de imagens, documentos, vastos materiais e aprofundamentos disponíveis. É de fundamental importância para nós que sejam publicados mais livros, mais ensaios, mais textos acadêmicos e materiais didáticos que falem sobre Bandeira e expliquem quem ele foi”,
aponta Francisco Bandeira, reforçando que o instituto está aberto para o público e para os pesquisadores de arte que desejam saber sobre produção, vida e obra de Antônio Bandeira.
Isabel Costa
ANTÔNIO BANDEIRA 50
Amanhã, 6, O POVO encarta em sua edição um caderno especial de oito páginas sobre o pintor cearense, em homenagem aos 50 anos de sua morte. Os textos têm relatos sobre a notoriedade do abstracionista, sobre sua paixão pelo Ceará e sobre o papel fundamental dele na criação do Museu de Arte da UFC (Mauc-UFC), instituição que atualmente dedica uma sala inteira a Antônio Bandeira. O material discute, ainda, a produção literária pouco conhecida do artista plástico e a presença dele no mercado internacional. O caderno se complementa com um especial digital e um documentário publicados no O POVO online, também amanhã. O material completo poderá ser conferido em especiais.com.br/
antoniobandeira
SERVIÇO
Exposição Do crepúsculo ao noturno por Antônio Bandeira
Visitação: até 6 de novembro, segunda-feira, em horário comercial
Entrada gratuita
Instituto Antônio Bandeira
Realiza catalogação, certificação, preservação e publicação sobre a obra do pintor cearenseInformações: no site institutoantoniobandeira.com.br ou através do email institutoantoniobandeira@gmail.com