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Entre vida e carreira, Pitty avalia seus 40 anos
Vida & Arte

Entre vida e carreira, Pitty avalia seus 40 anos

Em entrevista ao Vida&Arte, a cantora baiana, que faz aniversário hoje, comemora nova fase artística e pessoal. "Me desagrada a falta de espaço para rock", diz a dona de hits como Me Adora
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Na música que dá nome ao seu mais recente disco de estúdio, o íntimo Setevidas (2014), a cantora Pitty confidencia: “A postura é combativa, ainda estou aqui viva. Um pouco mais triste, mas muito mais forte”. Da menina elétrica que conquistou o País com sua atitude roqueira à mulher empoderada considerada uma das principais vozes femininas da música brasileira, a artista atravessou “muitas vidas” e hoje se equilibra entre os palcos, a maternidade (ela é mãe de Madalena, que completou um ano em agosto último) e os estúdios do programa Saia Justa. “São diferentes personas que se completam”, reflete, em entrevista ao Vida&Arte, a baiana que neste sábado comemora 40 anos.


Primeiramente, uma análise: o que a Pitty de 40 descobriu que a Priscilla Novaes Leone de vinte e poucos ainda não sabia? “Ih, muita coisa. A graça é essa, né? Ir descobrindo. A gente vai se conhecendo melhor, sabendo defender melhor as ideias, e entendendo com o que vale a pena ou não gastar energia”.


Para a artista, que nos últimos quatro anos viveu altos e baixos (em 2013, ela foi parar na UTI por conta de doença na tireóide) e precisou ficar longe dos palcos por cerca de dois anos, o atual momento é de celebrar. “Acho que a cantora complementa a apresentadora e a mãe, e vice-versa. E cada uma toma a frente na hora em que precisa. Quando tô no palco, sou a cantora e compositora. Em casa sou só mãe, daquelas bem mãe mesmo. É tranquilo de conciliar” aponta ela, que há 11 anos vive relacionamento com o músico Daniel Weksler, baterista da banda NX Zero.


Nos últimos anos, além de conquistar olhares por sua música, Pitty tem chamado atenção por suas bandeiras, como o feminismo. “É preciso lutar por essas causas justamente para garantir que todas as pessoas tenham condições e oportunidades de crescer, de viver com dignidade e de amar sem serem limitadas por questões de raça, gênero, condição social, orientação sexual e crenças”, sustenta.


Ao longo da carreira, Pitty foi além das guitarras e se aventurou em projetos como o Agridoce, banda com pegada mais folk e de instrumental variado (aproximando-se da MPB). É no rock, porém, que ela segue fincando suas raízes e seguindo na luta pela maior visibilidade feminina. “Vejo o rock como um espaço mais possível (para as mulheres) hoje do que quando comecei”, diz, apontando, entretanto, ser preciso avançar em várias frentes. “Há tensões (sobre machismo) em outros espaços também, e isso só vai mudar à medida em que esses ambientes vão se tornando mais igualitários’’, defende.


A cantora avalia que a cena roqueira, apesar de muito frutífera no momento, tem perdido olhares. “Me desagrada a falta de espaço para rock nas grandes mídias e rádios. Temos os grandes festivais pra salvar, mas sinto falta de mais espaço na mídia de massa pra poder dialogar com as pessoas que vivem longe do eixo Rio-SP”.


“Cantar até o fim”

Em agosto último, a cantora lançou seu mais recente single, Na Pele. A música é uma em parceria com Elza Soares, cantora que a baiana aponta como inspiração. “Tenho muitos desejos e vontades artísticas. A criatividade não para, todo dia pinta uma ideia nova. Eu tenho uma pasta no computador só com essas ideias. Essa de cantar com a Elza era um desses desejos que estavam guardados e que veio à tona agora”. Para o futuro, Pitty almeja, tal qual Elza, se manter nos palcos “até o fim do mundo”. “Entre as projeções, essa de cantar até o fim, com certeza, é uma delas”, sonha.

 

DISCOGRAFIA

 

Admirável chip novo (2003)

Disco emplacou sucessos nas rádios do País e foi o CD de rock mais vendido de 2003.

 

Anacrônico (2005)

Carregado de guitarras, álbum firmou Pitty Brasil afora com canções como Na sua estante.

 

Chiaroscuro (2009)

O terceiro da carreira trouxe letras menos românticas e já mostrou discurso feminista.

 

Setevidas (2014)

Sem “baladas pop”, o álbum mostrou uma Pitty madura na sonoridade e potência vocal.
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