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Desafios de adaptação
Vida & Arte

Desafios de adaptação

Entre atualizações de trama e decisões logísticas, o musical A Hora da Estrela segue inspirado pelas questões existenciais
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A versão em musical de A Hora da Estrela é um projeto que vem sendo gestado há quase dois anos por Allan Deberton. O roteiro foi escrito em parceria com André Araújo, a direção é de André Gress e o projeto conta com direção musical de Liliane Secco, que já trabalhou com Miguel Falabella. Nesses anos de planejamento, a equipe teve de lidar com as dificuldades de adaptação, que propõe ter “o máximo de literatura”, e escolha do elenco.

 

“O livro tem 40 anos, o filme tem 32, e trazem questões presentes no nosso tempo. Tínhamos dúvidas do que seria a Macabéa hoje. Poderia ser uma gorda, uma pessoa trans, qualquer pessoa que faça parte de uma minoria”, apontou Allan. A decisão final foi seguir com a identidade original da personagem. Além disso, no início, o espetáculo contaria com sete intérpretes, número reduzido para quatro por questões logísticas. “Isso faz com que o processo seja mais desafiador. Além de cantar, interpretar e dançar, tem a diferenciação, que ainda estamos buscando, das vozes, posicionamento de corpo, formas de ser”, listou.


“E não é só aprender a canção e a coreografia, é achar a alma, para ficar de verdade”, destacou Germana Guilhermme, que interpreta a cartomante Madame Carlota, a colega de trabalho Glória, além de outras participações. Larissa Góes, que dá vida à uma das garotas da rádio e outras personagens femininas, adicionou: “A gente tem ainda que se desmontar de uma para sair para outra em questão de segundos”. “O trabalho, no início, parte de emoções bem primárias. Nos exercícios, entendemos o corpo e o pensamento de cada personagem, uma construção mesmo”, explicou Vinícius Cafer, responsável pelos personagens masculinos, como o chefe Seu Raimundo ou o marcante narrador Rodrigo S.M..

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O que não muda, no entanto, é a identificação que Macabéa desperta. “Sou cearense, moro no Rio há 25 anos, criei dois meninos vivendo de arte. Eu sou Macabéa. E além de ser alguém não aceita no lugar, ela representa a inocência, a pureza”, relacionou Germanna. “Por ser mulher, negra, nordestina, de uma família de classe baixa, já passei por situações de me sentir engolida pela sociedade. Me senti vários momentos uma Macabéa e é por isso que nos solidarizamos muito com ela”, contou Larissa. Tuane finalizou: “Sonhar, ser atingido por alguém, receber um olhar estranho… Todo mundo já foi, é ou ainda será Macabéa”. (João Gabriel Tréz)


 

 

 


 

 

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