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Twin Peaks chega ao fim neste domingo
Vida & Arte

Twin Peaks chega ao fim neste domingo

Terceira temporada da série Twin Peaks chega ao fim amanhã, 3, comprovando a influência da obra, de seus criadores e também a força da união entre o pop e o cult
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Criada pelo cineasta David Lynch e pelo roteirista Mark Frost em 1990, a série Twin Peaks, exibida originalmente na emissora ABC, é um marco da televisão. Protagonizada pelo agente especial do FBI Dale Cooper (Kyle Maclahan), ela parte da investigação do assassinato da jovem Laura Palmer (Sheryl Lee) para desvendar as estranhezas das personagens e, aos poucos, ganhar ares sobrenaturais. Sucesso na primeira temporada, a obra foi cancelada na segunda, em 1991, depois de interferências criativas do canal. A cena final estabeleceu uma virada na trama, que ficou sem continuidade — até maio deste ano. E vinte e seis anos após ter virado objeto de culto e inspiração para diversas séries, de Lost a Fringe, o seriado voltou em 2017 pelo canal a cabo Showtime. Próxima do final (o último episódio será exibido amanhã, 3, nos EUA, e chega ao Brasil pela Netflix na segunda-feira), a nova temporada comprova a força e relevância da série, marcando tantas histórias quanto na década de 1990.


Com total controle criativo, Frost e Lynch puderam seguir a série com autoralidade e liberdade, apostando em um ritmo não convencional para a TV e em viagens visuais. O cineasta, um dos principais autores do cinema mundial, afirmou antes da estreia que pensou a volta de Twin Peaks como um grande filme que, depois, foi dividido em partes. Narrativamente, a virada da temporada anterior, que envolve o destino de Cooper, é desdobrada no retorno - sem maiores revelações, o agente entrou em um estado não natural e nele permaneceu preso por 25 anos. Entre rostos novos e conhecidos, a informação divulgada é que o elenco contou com 217 intérpretes e a história se expande em termos de espaço e até tempo. “O acréscimo de personagens, lugares e épocas resulta no acúmulo de mistérios que não se resolvem”, afirma Letícia Capanema, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. “Parece não ser um objetivo a resolução dos mistérios”, segue, “mas há uma beleza fascinante em cada peça desse confuso quebra-cabeça. A nova temporada explora, de maneira ainda mais radical, a sua atmosfera surrealista”. O blogueiro e crítico de cinema Ailton Monteiro considera que “A série frustra as expectativas da audiência (porque) demora em entrar na história dos personagens da série clássica e na possibilidade de não vermos mais o Agente Cooper”, explica.


Segundo a cineasta e pesquisadora sobre ficções seriadas Fernanda Friedrich, a expectativa pelo retorno e a repercussão dele entre a crítica e os fãs comprova a importância histórica da obra. “Como uma demarcadora de tempos, ela foi capaz de resistir a rapidez da mídia. Para uma série ser capaz disso, ela precisa ser mais do que um programa factual de TV”, avalia. “Twin Peaks também se destaca mais uma vez na vanguarda da televisão ao expor uma obra artística em formatação popular cativando audiências diversas”, completa. “A terceira temporada exige um nível de desprendimento e entrega que não é comum. O espectador que está acostumado a encontrar sentido e explicação em cada fala e detalhe da série, não se sentirá à vontade no mundo de Twin Peaks, onde explicações, muitas vezes, não existem. A terceira temporada parece ter a intenção de revolucionar a TV, mais uma vez”, resume Letícia.


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