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Tesouro sagrado do Ceará
Vida & Arte

Tesouro sagrado do Ceará

Criado há 50 anos, Museu São José de Ribamar,em Aquiraz, reconta parte da história do Estado através de um acervo precioso de arte sacra
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A edificação erguida no século XVIII guarda tesouros capazes de elevar espíritos ao céu. O Museu Sacro São José de Ribamar, localizado no centro de Aquiraz, reúne peças em metal, madeira, ouro e prata. O prédio - com suas paredes de 82 centímetros de espessura - abrigou no passado a antiga Casa de Câmara e Cadeia, construção tradicional das cidades cearenses. Mas, em 1967, os usos burocráticos foram substituídos pelo vasto acervo de peças sacras.


José Hélio Paiva, então pároco da cidade, arquitetou um lugar para reunir o acervo de objetos que estavam espalhados por coleções particulares e em outras igrejas. “Fui fundador, idealizador e diretor. Me considero o pai do museu”, explica, entre risos, o ex-padre e ex-prefeito de Aquiraz. Para reunir o acervo de “raridades sacras e religiosas”, Hélio bateu de porta em porta buscando imagens e objetos dispersos.


Um dos primeiros passos - que ele narra no livro Um sonho... Uma realidade! História do nascimento do Museu São José de Ribamar-, foi retirar da sacristia da igreja todas as peças que estavam fora do culto, como o conjunto de prata formado por quatro castiçais, turíbulo, naveta, ostensório, teca e aspersor de água benta. Antes da inauguração, que aconteceu em 27 de setembro, ele chegou a receber um “cheque em branco” de uma senhora “muito distinta”, afirmando que pagaria qualquer valor pelos objetos. A resposta do então pároco foi a mesma dada para tantos “potenciais compradores”: as peças iriam realizar um outro sonho.


As salas do Museu Sacro São José de Ribamar são conectadas por histórias e encantos que atravessam a fé. Completando 50 anos, o local recebe, em média, 300 visitantes por mês. São, em sua maioria, turistas estrangeiros ou do Sudeste do Brasil que estão no caminho do Beach Park. “Para um museu desse porte é uma base boa de pessoas”, calcula Aureniza Silva, atual coordenadora técnica do espaço, lembrando que, após a reforma feita em 2010, a infraestrutura do equipamento foi aprimorada, com conforto térmico, restauro das peças e acessibilidade, e isso garantiu que mais visitantes possam desfrutar das “joias de Aquiraz”. A revitalização foi como um sonho realizado para os colaboradores.


Francisco Câmara é guia do museu desde “épocas muito remotas”. Ele explica com paciência sobre cada um dos objetos do museu: a mesa de jacarandá de 1713, o exemplar do Semanário Constitucional de 1832, a cruz processional com 25 quilos e 2,7 metros. “Aqui nós temos a história do Ceará através da arte sacra. O próprio prédio já é um atrativo, pois mantém as características originais, as madeiras do teto”, frisa.


Os oratórios possuem uma sala exclusiva onde são enfileirados dezenas de modelos - com costuras, detalhes em ouro, bordados, pedrarias, santos e anjos. “Eram peças utilizadas para as orações em família nas salas, quando não tinha televisão... Os fazendeiros costumavam exibir modelos caros e ornamentados”, aponta Francisco Câmara.


Ostentada no alto de uma parede está o conjunto das primeiras chaves do prédio. Eram elas que trancafiavam os “detentos”, os “arruaceiros” e os “bandidos” no térreo, enquanto o primeiro andar recebia os bailes da sociedade. Muitos objetos, explica Francisco, têm referências portuguesas.

 

SERVIÇO


Museu Sacro São José de Ribamar


Quando: aberto ao público de terça-feira a sábado, das 9h às 17 h


Onde: Praça Cônego Araripe, 22 - Aquiraz . Entrada gratuita.


Outras informações: (85) 3101 2818 / 3361 2535

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