Linn da Quebrada entende seu propósito na arte. Da “bixa preta” à “trava feminina”, a paulistana de 26 anos narra histórias de quem se descobriu em transformação constante para perceber a necessidade de ocupar espaços. Filha de uma empregada doméstica alagoana e de rígida criação religiosa, a artista trans encontrou, no funk, a possibilidade de quebrar paradigmas de corpo e gênero. Ela trabalha no álbum de estreia Pajubá, batizado em referência ao vocabulário LGBT, com previsão de lançamento para setembro. O disco custou R$ 49 mil levantados por meio de financiamento coletivo.
Cantora, compositora, performer e atriz, lançou, neste ano, os singles Bixa Preta e o recente blasFêmea, sua primeira experimentação audiovisual. O vídeo da música teve direção e roteiro assinados pela própria artista, com co-direção de Marcelo Caetano. A parceria com o cineasta já vem do longa-metragem Corpo Elétrico, no qual atuou. O filme estreia amanhã, 6, no Cine Ceará. Hoje, ela se apresenta no Órbita Bar e promete muita “bixarya, bunda no chão e corpos suados”.
O POVO - Você está em estúdio desde o último dia 10 gravando o Pajubá. Como está sendo esse processo?
Linn da Quebrada - Está sendo fantástico, a realização de um sonho! E ter conseguido tudo isso graças aos meus fãs, que apoiaram meu financiamento coletivo, deixa tudo mais especial. É um disco feito em conjunto e é lindo e muito importante saber que não estou sozinha nessa.OP - Algumas músicas falam de ser mulher, travesti nesse contexto de violência urbana e transfobia. Esse conceito continua no Pajubá?
Linn - O disco se encaminha pra isso, da gente falar entre a gente, por nós e para as nossas. Pajubá é dialeto, é transformação e possibilidades. Não canto histórias pra boy dormir. Mas grito para tirá-los do lugar. O corpo sempre foi algo que me instigou. E eu sentia que esse era o lugar mais apropriado para se falar. A partir do meu corpo. Dos meus afetos, das minhas relações, dos meus desejos.OP - Você dirigiu e escreveu o clipe de blasFêmea | Mulher. Já era uma vontade se envolver diretamente no seu produto audiovisual ou foi uma necessidade que você identificou no decorrer do processo?
Linn - Na verdade foi algo que foi surgindo. Eu venho do teatro, também atuo como performer e tudo isso veio antes da música. blasFêmea também apareceu naturalmente. Assim como encontrei no funk mais um lugar de resistência e criação, o audiovisual se mostrou um espaço importante pra eu reinventar narrativas. blasFêmea é sobre a união e a conexão de mulheres, independente dos corpos em que se encontrem, é sobre essa rede de proteção e acolhida que deveria existir cada vez mais entre nós.OP - Você chegou a afirmar que se considera uma “terrorista de gênero”. O que isso significa e o que esse posicionamento representa para você?
ou proibição.
SERVIÇO
Show de Linn da Quebrada
Quando: hoje, 5, às 21 horasOnde: Órbita Bar (Rua Dragão do Mar, 207- Praia de Iracema)
Quanto: R$ 40 (inteira)facebook.com/OrbitaBar