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Vai ter Salão de Abril em 2017. Na marra, mas vai. “Vamos trabalhar com a precariedade. A gente assumiu a simplicidade como característica dessa edição”, aponta Júlio Lira, integrante do Fórum das Artes Visuais de Fortaleza, órgão que “sequestrou” o evento das mãos da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor). “Nós entendemos que essa falta de resposta da Secultfor é uma resposta e juntamos artistas e produtores para realizar o Salão”, continua Júlio. A 86ª edição do principal evento de artes visuais da Cidade está com convocatória aberta para artistas de todo o País. As inscrições estão abertas até o próximo dia 23 e a programação começa no dia 30 de setembro (indo até 15 de outubro).

“A gente sequestrar é uma forma de dizer que a Prefeitura não está fazendo. A proposta é que seja um incômodo e não que pensem ‘que bom que os artistas estão fazendo por conta própria!’. O Salão é uma referência para o Brasil nas artes contemporâneas há sete décadas. (O evento) precisa ser reconhecido com um elemento de muito valor”, aponta Cecília Andrade, artista e pesquisadora. Todo o evento será realizado a partir da colaboração não-remunerada de artistas, espaços culturais não governamentais, curadores, profissionais da cultura, galeristas e sociedade civil. A pouca verba esperada deve entrar a partir de financiamento coletivo, que será realizado online.

“Para se inscrever, não precisa morar aqui, mas precisa ter relação com Fortaleza. Resolvemos também tirar o aspecto de competição, não vai ter premiação. É uma forma de fazer com que a categoria fique mais próxima”, aponta Júlio, esclarecendo que a organização não dispõe de verba para ofertar ajuda de custo aos selecionados. Como “estímulo” para os artistas participantes, a organização do evento convidou acadêmicos para escrever artigo sobre os trabalhos selecionados. A ideia, explica Júlio, é focar na produção de conhecimento.

Outra marca dessa 86ª edição é que o evento se espalhará pela Capital. Segundo informações passadas pelo Fórum, há mais de 15 espaços que podem receber o evento na Cidade. Além das galerias, o Salão chegará ao Poço da Draga, ao Titanzinho, à Barra do Ceará e à Vila Vicentina (na av. Antônio Sales). “A gente quer que o Salão se disperse pela Cidade, ocupe espaços não institucionalizados nas periferias, em regiões relacionadas à luta por moradia. Queremos unir outras lutas com a luta do Salão de Abril”, diz Cecília.

A curadoria para compor a programação é formada por Beatriz Furtado, Bitu Cassundé, Cecília Bedê, Cecília Soares, Jacqueline Medeiros, Herbert Rolim, Maíra Ortins, Pablo Assumpção e Narcélio Grud. O número de trabalhos selecionados ainda será definido a partir dos inscritos. O que se sabe com convicção é que o evento terá forte teor questionador. “Todos os espaços do evento terão um comunicado formal e didático explicando por que precisamos sequestrar o Salão. Queremos deixar evidente para a população essa omissão (do poder público)”, finaliza Júlio.

SERVIÇO

 

Inscrições para 68º Salão de Abril

Quando: até 27 de agosto

Link: goo.gl/jFbFeu