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Mostra de Cinema de Ouro Preto discute preservação do cinema nacional
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Mostra de Cinema de Ouro Preto discute preservação do cinema nacional

12ª edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto segue com discussões sobre a preservação do cinema nacional
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João Gabriel Tréz

ENVIADO A OURO PRETO (MG)

joaogabriel@opovo.com.br


Sob o eixo temático “Quem Conta a História no Cinema Brasileiro?”, a 12ª edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto segue debruçando-se sobre lugares, olhares e vozes da trajetória da produção nacional.

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“A mostra acontecer em Ouro Preto é uma escolha feliz e emblemática. A cidade é um patrimônio histórico. Parte fundamental da história do Brasil passa por ela, inclusive nas contradições e paradoxos; ao mesmo tempo em que carrega a beleza do patrimônio e representa um ciclo de enriquecimento, carrega a dolorosa memória da escravidão. Isso vem ao encontro das nossas discussões”, aponta Francis Vogner, curador da mostra histórica da CineOP . “As questões dos oprimidos, das dívidas históricas, da perspectiva em que um olhar é construído são muito presentes. Quem construiu o discurso da história do Brasil?”, provoca. Falando especialmente da mostra histórica, da qual divide a curadoria com a pesquisadora Lila Foster, Francis destaca como o festival tem buscado trazer à tona “contrastes” entre produções do cinema nacional.


“Há um filme chamado A primeira missa, da diretora Ana Carolina. Ela é uma das grandes cineastas vivas, junto com Júlio Bressane, por exemplo. Mas o filme dela é de 2014 e passou batido nas salas de cinema até agora. Um longa do Bressane, por menor espaço que consiga, costuma ser exibido”, compara. “Hoje o espaço não só das mulheres, mas de negros, indígenas, LGBTs, cresceu, mas é tímido. No entanto, são discussões em efervescência. Entramos numa curva histórica onde será impossível voltar atrás”, avalia.


Em relação à preservação, Francis destaca que mais de metade do que foi produzido na história do cinema brasileira já se perdeu. “Preservar deveria ser uma urgência. Os arquivos estão se perdendo, temos uma situação precária na Cinemateca Brasileira desde 2010. Como preservar isso? Na CineOP, criamos o Plano Nacional de Preservação. Esse documento vem tentar organizar as demandas da preservação”, afirma. “Apesar do enfraquecimento do Ministério da Cultura politicamente e em termos de orçamento, lançá-lo neste ano é uma afirmação de resistência, é um bom indicativo de que a luta continua”, conclui


O festival começou no último dia 22 com sessão do filme Desarquivando Alice Gonzaga, de Betse de Paula. O evento segue até a próxima segunda-feira, 26, com a exibição de 76 filmes selecionados, debates e seminários. Este ano, o festival homenageia o pesquisador e colecionador Antônio Leão, a montadora e produtora Cristina Amaral e o projeto Vídeo nas Aldeias, de formação em audiovisual para indígenas. Além disso, a CineOP ainda acolhe o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: IX Fórum da Rede Kino.


*O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA PRODUÇÃO DO EVENTO

 

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