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CineOP demarca importância para o cinema brasileiro
Vida & Arte

CineOP demarca importância para o cinema brasileiro

Evento demarca sua importância para o cinema brasileiro ao visibilizar grupos sociais esquecidos e até ignorados na produção audiovisual nacional
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Histórias de vida, de cinema e memórias se cruzaram na cidade histórica mineira de Ouro Preto desde a quarta-feira passada, 21, quando começou a 12ª CineOP, Mostra de Cinema de Ouro Preto. Com caráter não competitivo e apostando em um recorte que valoriza a preservação, a educação e a história no cinema brasileiro, o evento terminou na última segunda-feira. O Vida & Arte esteve presente na mostra a convite da produção do festival e pôde acompanhar de perto a ampla programação que ocupou as ladeiras e prédios históricos da cidade.


Neste ano, trazendo para o centro das discussões o tema “Quem conta a história no cinema brasileiro?”, a CineOP se debruçou especialmente no cinema indígena e nas questões de representatividade de negros e mulheres. Dentre os homenageados das Mostras Histórica e Educação, respectivamente, estavam a montadora paulistana Cristina Amaral, figura recorrente do Cinema Marginal, e o projeto Vídeo nas Aldeias, de formação em audiovisual para indígenas. A preocupação da curadoria em valorizar os cinemas e as figuras pertencentes a essas minorias foi vista tanto nos seminários quanto nas sessões de filmes. De convidados indígenas nas mesas, como a professora e artista plástica baiana Arissana Pataxó, a exibições de longas como É Um Caso de Polícia! (1959), de Carla Civelli, estes grupos se fizeram presentes na programação.

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Na Mostra Preservação, o pesquisador Antônio Leão, um dos principais colecionador do Brasil, recebeu a homenagem da organização do festival. A apresentação do Plano Nacional de Preservação Audiovisual foi outro destaque da CineOP. O documento explicita demandas e aponta diretrizes relacionadas à valorização e conservação da memória material do cinema brasileiro.


Diversidade geográfica

É preciso, porém, apontar um senão entre diversos pontos positivos: ao provocar o público, já em seu eixo temático, a pensar quais são as vozes que falam no cinema nacional, a curadoria poderia ter apostado mais na diversidade geográfica, por assim dizer, desses enunciadores. Os 76 filmes exibidos, entre longas, médias e curtas, vieram de 11 estados brasileiros, com ampla maioria de produções sudestinas e sulistas; a presença nordestina, por exemplo, se limitou ao curta Vendo/Ouvindo (1972), de Lula Gonzaga e Fernando Spencer, e ao documentário Martírio (2016), de Vincent Carelli, ambos pernambucanos.

 

Cumprindo o papel de resgate e valorização, a mostra suscitou debates e reflexões em torno das principais linhas de trabalho — história, preservação e educação — que se cruzaram constantemente nas proposições de programação. O que fica, finalmente, é a importância de uma edição que ajudou a jogar luz em sujeitos que, na maioria das vezes, têm seus espaços e vozes reduzidos ou até limados dentro da lógica dominante do audiovisual nacional. Segundo a organização, mais de 15 mil pessoas participaram desta 12ª edição da CineOP. É um bom indicativo de que há, sim, muita gente interessada no que essas vozes têm a contar.

 

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