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Saudosismo, emoção e amizade
Vida & Arte

Saudosismo, emoção e amizade

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Os anos 1980 foram dos mais produtivos para a música brasileira. A “década perdida”, como o período ficou conhecido por conta das questões político-econômicas que impactavam o País no fim da ditadura militar, fervilhou, em especial, na cena do rock nacional: de Lulu Santos a Capital Inicial, passando por Kid Abelha e RPM, sem esquecer de Cazuza e Legião Urbana. Nesse contexto, a banda Hanoi Hanoi também deixou sua marca. Parte da trajetória do grupo foi revisitada na gravação do DVD que comemorou os 30 anos de banda, mas de uma forte amizade. Em entrevista ao O POVO, o pianista e advogado cearense Ricardo Bacelar, que tocou teclado, guitarra e violão no Hanoi Hanoi, falou sobre a relação entre os integrantes e a emoção do reencontro com eles, o palco e o público.

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Composta também por Arnaldo Brandão (baixo e voz), Sérgio Vulcanis (guitarra e vocal) e Marcelo da Costa (bateria), a banda lançou o primeiro LP em 1986 e já estourou com Totalmente Demais, canção composta por Arnaldo, Tavinho Paes e Roberio Rafael — o hit foi tão bem sucedido que ganhou diversas regravações, de Caetano Veloso, no mesmo ano, a Anitta, em 2015. “Era muito sucesso”, afirma Ricardo, sem falsa modéstia. “Nós passamos muitos anos viajando juntos, vivíamos exclusivamente fazendo isso. Era uma média de 200 shows por ano e demandava muito tempo”.


Tamanha convivência, no caso da Hanoi Hanoi, culminou na criação de uma relação quase familiar, que se mantém até hoje. “Nós convivemos de uma forma muito intensa, temos uma profunda amizade. A gente paralisou as atividades da Hanoi Hanoi em 1995 e, nesse tempo que ficamos separados, mantivemos contato”, conta. “Tem muitas histórias de bandas que tem problemas pessoais, mas a gente, pelo contrário, desenvolveu uma amizade muito forte. É uma família”, define.

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O reencontro para a gravação do DVD, portanto, está longe de ser inédito para os amigos, mas foi o primeiro “oficial”. “Recebemos o convite para fazer essa gravação em Belo Horizonte para comemorar os 30 anos. Nós andamos gravando algumas coisas novas em estúdio, mas não tínhamos tocado mesmo, feito um show”, conta Ricardo. O processo para chegar nesse momento começou no Rio de Janeiro, onde os integrantes ensaiaram por duas semanas. “No repertório temos até algumas canções novas. Recebemos também alguns convidados, como o Samuel Rosa (Skank), o Flávio Renegado (rapper mineiro), e também o Affonsinho Heliodoro, que foi o primeiro guitarrista da Hanoi Hanoi. Tocamos vários sucessos. Foi um show muito bacana”, divide o cearense.


Para Ricardo, a principal emoção foi o reencontro com a plateia. “Carinho do público é uma coisa que a gente guarda no coração. Foi muito emocionante subir no palco e ver aquele público todo. Para mim foi uma surpresa, depois de 30 anos, ver as pessoas cantando aquelas mesmas músicas. Tivemos um público muito saudoso, receptivo, caloroso”, lembra. “É uma experiência muito forte essa de ‘voltar no tempo’. Nos surpreendemos até mesmo com nossa própria energia”, brinca. Para o futuro, Ricardo diz que não tem certeza “em termos práticos”. “Voltar a ser como era é muito difícil. Temos nossas carreiras, outros projetos, o País é outro. Mas a gente tem essas músicas novas e quer lançar isso algum dia, viajar para algumas capitais. Até para Fortaleza, quem sabe?”, torce.


 

 


quem sabe?”

 

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