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Brasil revisitado em múltiplos olhares
Vida & Arte

Brasil revisitado em múltiplos olhares

Itaú Cultural celebra 30 anos com mostra que reúne mais de 750 obras de diferentes fases e linguagens da produção artística nacional
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Cinthia Medeiros

Enviada a São Paulo

cinthiamedeiros@opovo.com.br

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“Em tempos de crise, é preciso estar com os artistas”. A frase, de autoria do crítico de arte Mario Pedrosa, foi o mote para que Paulo Herkenhoff iniciasse sua fala diante uma plateia de jornalistas de todo o País que acompanhava a entrevista coletiva de apresentação da mostra Modos de Ver o Brasil, comemorativa dos 30 anos do Instituto Itaú Cultural. O evento aconteceu na ultima quinta-feira, 18, em São Paulo, enquanto os brasileiros se viam mais uma vez perplexos diante de um novo escândalo envolvendo o Governo Federal e que poderia culminar com a renúncia do presidente Michel Temer.


Herkenhoff, que é o curador da mostra, emendou: “Esta é uma exposição que se abre para a história da arte e da cultura brasileira justo no dia de hoje. Quem aqui não está desalentado, perplexo?”, disse. Se o dia era, de fato, de desalento, foi justo a arte o elemento aliviador do tal desencanto. À medida que ele explicava sobre o processo curatorial que resultou na escolha de cerca de 750 obras dentre um universo de 15 mil do Acervo de Obras de Arte do Itaú Unibanco, o clima ia se tornando menos denso. Ali, na Oca, espaço cultural projetado por Oscar Niemeyer no Parque do Ibirapuera, e onde está sendo montada a exposição, havia um Brasil rico, múltiplo e orgulhoso.

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Modos de Ver o Brasil vai ocupar uma área de dez mil metros quadrados, reunindo obras que vão desde o registro do Brasil colonial a partir do olhar do holandês Frans Post, ainda do século XVII, até coleções de arte cibernética, passando pelo barroco de Aleijadinho e pelo traço contemporâneo de Adriana Varejão e Vik Muniz. Há ainda Di Cavalcanti, Benedito Calixto, Alfredo Volpi. E a representatividade afro-brasileira em obras de artistas como Ayrson Heráclito e Jaime Lauriano, recém-adquiridas pelo instituto. Pinturas, fotografias, esculturas, grafites, instalações recontam a história do País, suas conexões, memórias, injustiças. Dividida nos quatro andares da Oca, a mostra vai se repartindo em 20 núcleos que permitem percursos variados, sem ordem cronológica, numa geografia artística que se define a partir das percepções individuais.


“O que a gente está fazendo aqui é constituir uma grande oportunidade de atravessamento aos diferentes públicos a partir de lógicas de abordagem muito diversas”, explica Leno Veras, que também assina a curadoria da mostra. “A riqueza dessa variedade de perspectivas resulta de uma coleção formada em múltiplos tempos, em vários olhares”, complementa Herkenhoff.

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No rol de cearenses que compõem o acervo, Leonilson ganhou uma parede quase toda para ele. São quatro obras apresentadas. Além dele, Antonio Bandeira, Chico Albuquerque e o gravurista Luiz Hermano têm obras na exposição. A mostra será aberta ao público no dia 25 de maio e segue para visitação até o dia 13 de agosto. Não haverá itinerância por outros estados do País, mas alguns recortes do acervo podem vir a compor mostras menores que circularão por algumas cidades, segundo Eduardo Saron, presidente do Instituto Itaú Cultural.


Ao fim da coletiva, enquanto o grupo era guiado pelos espaços da exposição, ainda em montagem, traçava-se um panorama do Brasil desenhado pela arte. Colorido ou monocromático, geométrico ou abstrato, o País representado ali é de uma pluralidade genial. Um lugar e uma gente que tem muito mais a dizer pela cultura que produz, que pela política que só nos desalenta. É fato: “Em tempos de crise, é melhor estar com os artistas”.


* A jornalista viajou a convite do Itaú Cultural

 

SERVIÇO

 

Modos de Ver o Brasil

Quando: de 25 de maio a 13 de Agosto

Onde: Oca do Parque do Ibirapuera/Sao Paulo

Gratuito

 

Itaú Cultural em 3O anos:


O instituto já promoveu 6,2 mil atividades culturais nessas três décadas.


9 milhões de pessoas de todas as regiões do País foram impactadas com essas ações.


Desde 1997, o Itaú tem um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do Brasil, o Rumos.


Através da Enciclopédia Itaú Cultural, o instituto mantém um banco de dados com mais de 200 mil registros de artistas, instituições, grupos e espetáculos.


Possui o maior acervo corporativo de obras de arte da América Latina e o oitavo maior do mundo.


 
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