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Cidadão Instigado abre turnê de 20 anos na Maloca
Vida & Arte

Cidadão Instigado abre turnê de 20 anos na Maloca

Abrindo a turnê comemorativa de 20 anos de história, a banda cearense Cidadão Instigado faz show hoje na Maloca Dragão
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Em 1994, o músico e cantor cearense Fernando Catatau foi para São Paulo pela primeira vez. A ideia era “tentar alguma coisa” com uma banda, que acabou não durando muito tempo. Catatau seguiu sozinho na cidade. Foi nesse contexto que a banda Cidadão Instigado começou a “nascer”, como ele explica. “Comecei a me entender com minha solidão, num lugar sem muitos amigos. Passei a escrever letras com as coisas que eu vivia, foram dois anos compondo. Voltei para Fortaleza e, em 1996, montei a banda. O Cidadão é um trabalho criado a partir da minha saída de Fortaleza”, resume. Abrindo oficialmente a turnê comemorativa de 20 anos, completados no ano passado, a banda Cidadão Instigado se apresenta hoje na Maloca Dragão, a partir das 21h30min, no Palco Praça Verde.


Idas e vindas

Mesmo “nascido e criado” em Fortaleza, foi se mudando para São Paulo que o grupo se consolidou. No entanto, o Cidadão Instigado, segundo Catatau, nunca deixou de ser fortalezense. “As nossas referências regionais estão dentro de nós, não tem como fugir. Essa história de se reconhecer é algo muito importante. Não perder o sotaque, lutar para poder se entender como si mesmo…”, defende. “A gente gosta de Pink Floyd e ao mesmo tempo de Luiz Gonzaga, de Bob Marley. As influências musicais são emocionais, mas o som não tem como não soar cearense, porque é o que a gente é”, atesta.

 

Se a capital cearense nunca deixou a essência do grupo, o disco Fortaleza, de 2015, lançado quando banda ainda estava em São Paulo, intensificou ainda mais a relação e o olhar para a cidade natal. Catatau, Rian Batista (teclado) e Yuri Kalil (efeitos e PA), inclusive, voltaram a morar aqui. “Já tinha tempo que eu vinha sempre pra cá. Às vezes dava vontade de ficar, às vezes de não voltar nunca mais”, assume Catatau. “O Fortaleza é quase um reconhecimento de área, novamente. Eu sentia muito na alma a vontade de me reconectar. Ao mesmo tempo que tem coisas muito enraizadas, um coronelismo brutal e antigo, tem coisas maravilhosas e muita gente nova e legal fazendo coisa massa. Foi isso que me fez querer voltar, me reconheci num monte de gente e comecei a querer estar perto e sentir o mar”, completa..


Cena independente

Estando de volta à Cidade, Catatau considera o momento cultural vivido hoje mais forte do que aquele vivenciado por ele antes de ir a São Paulo. “Fortaleza sempre teve gente massa, mas tinha a parada que as bandas iam se perdendo. É muito difícil, aqui é longe do eixo Rio-São Paulo. Quando tem cultura, a galera quer dar pouco retorno, tipo comida pra pombo. Por causa disso, muita gente foi se perdendo pelo meio do caminho”, critica. “Agora tem mais gente porque a galera tá fazendo de outro jeito: do jeito que pode, que dá. O lance da Internet foi uma mudança muito bruta, você pode fazer um disco em casa. Ao mesmo tempo, é muito mais difícil ser notado porque tem muita gente por aí”, contrapõe.

 

Para o cantor, o principal meio para fortalecer ainda mais a cultura na Capital é apostar na cena independente. “Eu acredito muito nisso, em muitas pessoas se envolverem, em conjunto, para formar um cenário independente, com festas, shows, que dê para ser mantido”, opina. O espaço de um evento como a Maloca, afirma Catatau, é positivo, mas não pode ser considerado o suficiente. “É um evento massa, mas ninguém pode ficar dependente. Fortaleza tem hoje esses festivais, muitas coisas rolando, mas quando elas não ocorrem, rola uma escassez. O ideal é que se crie essa cena independente, e isso aos poucos tá se formando”, celebra.

 

SERVIÇO

 

Cidadão Instigado 20 anos

Quando: hoje, às 21h30min

Onde: Palco Praça Verde do Dragão do Mar

Entrada franca.

 

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