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Foi a partir de uma troca de olhares que nasceu a paixão do empresário Silvio Frota. Ele viu o olhar profundo de uma garota afegã, captado pelo fotógrafo Steve McCurry, e foi fisgado pelo misto de medo e beleza daquela imagem. Dali, o cearense começou a pesquisar sobre fotógrafos. Comprou livros, coleções de fotografia, estudou o assunto. Hoje, é dono de um acervo de mais de duas mil imagens que contam sobre manifestações sociais, políticas, religiosas e artísticas.

 

Esse acervo de histórias agora vai ser compartilhado com a Cidade. Aguardado há cerca de três anos, o Museu da Fotografia abre suas portas nesse sábado, 11, revelando um recorte de cerca de 300 imagens da coleção de Sílvio. Sediado onde funcionava uma das sedes do Ibeu, o equipamento de 2,5 mil m² abriga três andares de exposição mais auditório para cursos e palestras, e espaço para eventos.

O primeiro andar conta com café, biblioteca, sala de pesquisa, livraria e a primeira exposição, Um imaginário de Cidade, que faz um panorama sobre a linguagem artística. “A história da fotografia está ligada à cidade moderna. O modelo de cidade moderna na época era Paris. Então, daqui pra frente, a gente discute essa coisa mais histórica. O que é a fotografia? Onde ela está?”, resume o curador Ivo Mesquita. Paulistano que já foi curador da Bienal de São Paulo e da Pinacoteca de São Paulo, ele destaca que o Museu “olha a fotografia em toda a sua extensão” através de uma coleção que vai de obras que parecem selfies até o daguerreótipo, primeiro processo fotográfico a ser comercializado.

Nessa primeira parada do Museu da Fotografia é possível ter uma visão plural de cidade. Vai do “instante decisivo” captado por Cartier-Bresson, com uma pessoa pulando uma poça de água, até os muitos olhares de Evandro Teixeira sobre a Ditadura Militar. Ainda no primeiro piso, um espaço está reservado para as crianças. “Queremos receber escolas e também levar o Museu para as comunidades. Temos um educador cuidando disso”, adianta Silvio, que também pretende levar o Museu para o Interior.

No segundo piso está a exposição Jogos de Olhares, com aspectos da fotografia moderna e contemporânea. Dorothea Lange, Yuri Firmeza, Man Ray e Fernando Lemos são alguns dos presentes. “Eu só compro o que gosto, logo tenho um carinho especial sobre cada uma delas”, comenta Silvio Frota, fugindo de eleger suas preferidas da coleção. O terceiro piso é reservado para profissionais do Norte e Nordeste. “Tem um grande número de artistas aqui e é importante um Museu em Fortaleza dar conta do lugar onde está”, avalia Ivo cercado por obras de Chico Albuquerque, José Medeiros e Mário Cravo Neto.

Para Silvio Frota, abrir um museu de fotografia – o segundo do Brasil, o primeiro é em Curitiba – é uma forma de valorizar uma linguagem que vem sendo explorada à exaustão. “Todo mundo hoje é fotógrafo, quer conhecer quais são as fotos icônicas no mundo. Montamos o museu para dar acesso às pessoas a essa coleção e a obras que poucas pessoas no mundo veem”, explica o empresário. “A fotografia é muito ligada à ideia de memória. Nessas vindas a Fortaleza, as pessoas ficam curiosas pelo Museu justamente por ele dar conta de contar uma história sobre este lugar e para este lugar”, completa Ivo, que elogia a cena de fotógrafos de Fortaleza. “O Ceará produziu grandes artistas, mas todos foram trabalhar fora. Enquanto que aqui tem uma tradição de fotografia que é praticada aqui dentro. Então me parece natural que surja um museu de fotografia aqui, que tem uma vocação”.

 

SERVIÇO

 

Museu da Fotografia

Quando: abertura sábado, 11

Onde: rua Frederico Borges, 545 - Varjota

Funcionamento: de quarta a sábado, de 12h às 17h. No primeiro mês, de quarta a domingo

Telefone: 3017 3661