Inaugurada em setembro do ano passado, a galeria Sem Título Arte parece estar parcialmente destruída. Tijolos aparentes, paredes quebradas, atravessadas por grandes troncos de eucalipto reflorestado. Obra do cearense Eduardo Frota, que abre hoje, às 19 horas, a exposição “Sobre o Quadrado”.
O artista – que durante anos construiu formas tubulares a partir da junção de argolas de madeira – utiliza aqui a matéria maciça. Sua intervenção é no espaço. Os quatro troncos - medindo, cada um, cerca de seis metros - se unem, formando um quadrado inclinado. Além disso, o piso coberto de brita dá volume e sensorialidade à instalação.
“A obra discute o estatuto do cubo branco, muda a topologia do espaço, instaura um quadrado geométrico que provoca um movimento de torção na estrutura física historicamente rígida e esgarça a dinâmica de funcionamento da programação da Sem Título Arte”, explica Jacqueline Medeiros, que divide com Elizabeth Guabiraba a concepção da galeria.
[QUOTE1]Com “Sobre o Quadrado”, Eduardo Frota reitera o seu interesse de pensar o espaço nos seus aspectos de significado e significante, a partir do conceito convencional de espaço expositivo e da inflexibilidade institucional. O visitante é convidado para a experiência do corpo que adentra a obra e a percorre pelos três ambientes, mas ao mesmo tempo não consegue vê-la na sua totalidade.
Nas palavras de Frota, “é não apreender retinianamente, o que propõe uma experiência sensorial de deslocamento do corpo”.
A exposição deve ser a primeira de uma série em que o artista pretende explorar figuras geométricas.
[FOTO2]A individual de Frota também inaugura na galeria Sem Título Arte o Rotatórias, um programa de exposições e proposições estéticas de artes visuais, intercaladas por performances de dança, música, literatura e artes cênicas. A cada 40 dias, um artista visual será convidado a ocupar o espaço propondo livremente intervenções críticas contemporâneas para a cidade.
Literatura
Na quarta-feira, 15, a galeria recebe o poeta Manoel Ricardo de Lima para uma fala com caráter de intervenção política. “Geografias Imateriais %2b Cingapura” será dividida em duas pequenas partes: “A primeira trata um pouco do meu trabalho perseguindo uma proposição de Maria Gabriela Llansol, a das ‘geografias imateriais’, para esboçar algumas perguntas em torno daquilo que pode ser produzido por uma vagabundagem do pensamento em direção a uma partilha da terra e a uns mundos e que pode também, de algum modo, como forma de coragem, problematizar ainda o ser das coisas: quais textos, imagens, memórias inaparentes”, explica. Na segunda parte, ele lê dois fragmentos de uma narrativa de pesadelo, ainda não publicada, intitulada “Cingapura”.
Serviço
Exposição “Sobre o Quadrado”
Quando: hoje, 13, às 19 horasOnde: Sem Título (rua João Carvalho, 66 - Aldeota)
Entrada franca.Outras informações: 85 99925.9825