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"Marias, Mahins, Marielles e Malês"
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"Marias, Mahins, Marielles e Malês"

| Mangueira | Escola apresenta na Sapucaí heroínas que não estão nos livros
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MARIELLE Franco é uma das mulheres que serão homenageadas pelo samba-enredo da Verde e Rosa (Foto: divulgação)
Foto: divulgação MARIELLE Franco é uma das mulheres que serão homenageadas pelo samba-enredo da Verde e Rosa

Em meio à onda conservadora que atravessa o Brasil, o carnaval do Rio prepara uma edição de desfiles irreverentes que reivindicam o papel das mulheres, dos negros e índios na história do País.

Um dos exemplos vem da Mangueira, uma das mais tradicionais do carnaval carioca. O versos de seu samba-enredo pretendem contar "a história que a História não conta", sobre heróis "populares" vencidos em sua luta e pouco mencionados nos livros escolares.

"A narrativa tradicional escolheu seus heróis, selecionou os feitos bravios, ergueu monumentos, batizou ruas e avenidas. Índios, negros, mulatos e pobres não viraram estátua. Seus nomes não estão nas provas escolares", disse o carnavalesco Leandro Vieira ao revelar o tema do desfile.

Assim a Mangueira resgata nomes pouco conhecidos, como o da guerreira negra do século XVII Dandara ou dos rebeldes indígenas Cariri; e afirma que a colonização portuguesa no Brasil foi "mais invasão que descobrimento".

"A gente vem mostrando a bravura dos negros, trazendo nomes importantíssimos, principalmente o nome de mulheres. Mulheres negras, mas também os índios, mostrando quem são os verdadeiros desbravadores, construtores da historia do Brasil", disse em entrevista à AFP Evelyn Bastos, rainha da bateria da Mangueira.

A escola também vai homenagear a vereadora negra Marielle Franco, defensora de Direitos Humanos no complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio, morta a tiros em março do ano passado.

"Marielle tem importância relevante para nós, mulheres negras. Ela é uma referência, venceu as estatísticas. Ela é uma mulher negra da favela que venceu, estudou, inteligentíssima. Uma mulher de coragem, muito importante para outras mulheres, para as meninas que acham que não podem ter uma oportunidade pela cor da pele ou pelo comprovante de residência, ela é um exemplo de mulher, de povo", completou Evelyn.

A viúva de Marielle, Mônica Benicio, vai desfilar em uma das alas da escola. A Mangueira entra na avenida na segunda-feira, 4, às 2h40min da madrugada. (AFP)

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