A infância é ponto de partida para a obra da ilustradora Juliana Siebra, não somente porque foi quando criança que ela começou a se interessar pela ação de desenhar, mas também - e principalmente - porque os traços e ideias da artista carregam em si, como ela explica, uma influência infantil muito forte. A forma "de dar voz a essa criança interior" através dos desenhos culmina na abertura da exposição Barulho de Dentro, hoje à noite, a partir das 18 horas, na Casa Vândala, seguindo em cartaz até 20 de abril.

"Desenho desde criança e até hoje me sinto um pouco criança quando tô desenhando, no sentido de gostar de criar historinhas e personagens", estabelece Juliana. "Quando começo um novo trabalho, não sei bem o que vai ser, deixo o traço ir me levando e, quando termino, vejo o que fiz e penso: 'nossa, isso tem tudo a ver com o que tô sentindo!'. Pra mim, desenhar é uma forma de expressão e também uma brincadeira, no melhor sentido da palavra", afirma a artista.

Traduzindo o "barulho de dentro" de si mesma em traços característicos, Juliana cita como referências, de início, os pais, ambos artistas, além de listar também desenhos animados e jogos que consumia na infância vivida nos anos 2000, a ilustradora britânica Charlotte Ager - "porque ela consegue, em cada desenho, criar narrativas e nos transportar pros lugares que desenha" - e o pintor e desenhista cearense Leonilson - "acho ele muito perspicaz ao expressar sentimentos através de seus desenhos e escritos".

Formada em Cinema pela Universidade Federal do Ceará em 2016, a ilustradora fez como trabalho final do curso um livro ilustrado, orientado pelo professor e artista Yuri Firmeza, cuja publicação será realizada em breve com apoio da Secretaria da Cultura do Ceará. Na exposição que abre hoje na Casa Vândala, a primeira individual da artista, as obras são datadas, em sua maioria, de 2017 e 2018. "Ao mesmo tempo em que os desenhos se diferenciam nos cenários, datas e técnicas, eles se aproximam em temas que são muito frequentes nos meus trabalhos: infância, sonhos, aventuras, solidão e fantasia", elenca Juliana.

Outro elemento que se destaca, na visão da artista, são as personagens mulheres que cria. "Elas surgem de forma quase inconsciente quando coloco a caneta no papel, então, acredito que tem uma força no ser mulher nos meus desenhos. Um 'ser mulher' para além das generalizações do que é ser feminino", aponta a ilustradora. "Fazer a exposição é um gesto de fazer ver todas essas questões que me atravessam e me inquietam", arrisca um resumo.

As mulheres, inclusive, também marcam a noite de abertura de Barulho de Dentro, que contará com o lançamento de uma cerveja artesanal homenageando a artista Simone Barreto, show intimista de Emischramm, acompanhada por Ayla Lemos (voz e violão) e Laire Souza (voz e teclado) e, finalmente, show de eletrônico experimental com Clapt Bloom. "Decidimos homenagear a Simone, que recentemente teve uma filhinha. Depois de conversar com ela, percebemos que essa homenagem deveria estar ligada ao gesto de liberdade e empoderamento na maternidade, sendo a cerveja e o rótulo uma plataforma para isso. Sobre a programação, contaremos com artistas que têm um grande potencial criativo e visões bem particulares na música contemporânea da Cidade. Fico feliz de a programação ser feita por artistas mulheres. Acredito que estamos em sintonia nas nossas produções e sinto que essa noite vai ser incrível", convida.

Exposição Barulho de Dentro, de Juliana Siebra

Quando: abertura hoje, às 18 horas. Visitação terça a sábado, de 16 às 21 horas

Onde: Casa Vândala (rua Instituto do Ceará, 164, Benfica)

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Instagram: @julianasiebra1

Site: julianasiebra.tumblr.com