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O que aconteceu?

| MISTÉRIO |Doze anos após dramático desaparecimento da menina inglesa Madeleine MacCann, em Portugal, série documental revive meticulosamente situações sem respostas
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A pequena Madeleine McCann, então com 3 anos, desapareceu dentro de um resort na Praia de Luz, em Portugal (Foto: fotos divulgação)
Foto: fotos divulgação A pequena Madeleine McCann, então com 3 anos, desapareceu dentro de um resort na Praia de Luz, em Portugal

O sumiço da menina Madeleine é sufocante. Já se vão 12 anos do seu desaparecimento do quarto 5A do resort Ocean Clube, na Praia da Luz, no Algarve, Sul de Portugal. Até hoje não há nenhuma resposta. Sequestro promovido por traficantes de pessoas ou por um desesperado casal sem filhos? Ataque de um pedófilo? Afogamento, atropelamento ou outro tipo de acidente com corpo posteriormente escondido? Os pais estão envolvidos? Ela ainda está viva? Absolutamente nada relevante foi descoberto a ponto do mistério ser esclarecido.

Naquele 3 de maio de 2007 os médicos ingleses Kate e Gerry foram jantar com amigos em um restaurante próximo ao quarto hotel (cerca de 90 metros) e como fizeram desde que chegaram para as férias tomaram uma decisão no mínimo imprudente, para não escrever absurda (especialmente para os padrões brasileiros): resolveram deixar Madeleine (com três anos de idade) e o casal de filhos gêmeos (então com dois anos) dormindo sozinhos. Para verificar se tudo estava bem, montaram um revezamento de meia em meia hora e, numa dessas vezes, quando a mãe foi até o quarto, o relato foi de que a filha não estava mais na cama e a janela do quarto, aberta.

Imediatamente tudo se tornou tão impactante como midiático. Emissoras de televisão, rádios, jornais impressos e sites por todo o planeta noticiavam e discutiam o assunto, tanto que parece improvável que alguém lendo este texto não saiba do que se trata, ainda que superficialmente.

Diante de tal cenário, a Netflix apresenta O Desaparecimento de Madeleine McCann. São oito horas de vasto material, divididas em oito episódios de cerca de 60 minutos cada. Há mais de 40 pessoas concedendo depoimentos, com filmagens em Portugal, Espanha, Inglaterra, Irlanda e Estados Unidos. Dentre os entrevistados, moradores, turistas e muitos jornalistas, até porque o papel da imprensa (principalmente a inglesa) é questionado o tempo todo em função do sensacionalismo e enorme quantidade de mentiras que foram contadas sobre diversos investigados - há histórias revoltantes de injustiça - provocando indenizações milionárias. Outro tema intrigante é a incompetência da polícia portuguesa, colocada em xeque. Um retrato falado mal feito (impossível de ajudar na investigação de tão bizarro) provocou indignação em um milionário inglês, que resolveu pagar do próprio bolso diversos detetives particulares para ajudar nas buscas.

A direção da série é do competente Chris Smith, que mostra talento para construir seu objetivo: compilar centenas de informações, imagens e áudios para entregar um trabalho muito bem montado - em alguns momentos arrepiante pela dramaticidade da situação - que chama a atenção pelos detalhes e averiguação de todas as possibilidades, por mais que não traga nenhuma informação inédita.

No total, as investigações - que ainda estão em curso com a Scotland Yard - já consumiram cerca de R$ 55 milhões. Há policias que garantem que Madeleine está viva e apostam na tecnologia de reconhecimento facial para nutrir esperança de encontrá-la. Há quem garanta que não. Hoje ela teria quase 16 anos (nasceu em Leicester-ING, no dia 12 de maio de 2003).

E os pais? Ambos se recusaram a participar da série, mas estão presentes em dezenas de entrevistas durante todo o processo. No começo das investigações eles foram considerados suspeitos formalmente, mas as autoridades não encontraram provas um ano e três meses depois. Agora alegam que o material da série não vai ajudar em nada na busca pela filha. Será ótimo se estiverem errados.

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