Aos colegas da primeira turma da Escola de Arquitetura da UFC
Ao que tudo indica, teremos muitas emoções neste ano de 2019. Além do frisson diário que a política nacional e internacional nos reserva, o que nos obriga a ficar atentos e resistir metendo a língua nos desgovernos e morrendo de rir das patuscadas, muitos eventos importantes completam 50 anos nesta data. Fazer um inventário desses acontecimentos é refletir sobre a passagem do tempo e o que ocorreu nesta trajetória, o que dá a medida do quanto se caminhou para frente e para trás nestas cinco décadas no Brasil e no mundo. Há gente da minha idade que sorri com tanto janeiro passado prateando cabelo e barba, enquanto outra turma se arrepia só de pensar no mesmo assunto. Para uns, o copo está meio cheio; para outros, meio vazio. Quem terá a razão?
No dia 29 de julho de 1969, o astronauta Neil Armstrong, colega de missão de Edwin Aldrin e Michael Collins na Apolo 11, foi o primeiro homem a colocar os pés na Lua. Enquanto dava seus pinotes na face esburacada de Selene, falou: "Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade". Assisti a toda essa cena na TV, deitado no chão de taco da minha casa na Base Aérea. Foi só isso acontecer para começarem as profecias cabalísticas. O médium Chico Xavier afirmou que os seres angélicos não gostaram nada da presença humana no satélite da Terra e pediram a Deus que nos desse mais 50 anos para nos endireitarmos, caso contrário o mundo acabaria neste ano. É, do jeito que a coisa vai, ou foi, é o caso de se desesperar. Ou não, bota outra...
No meio musical, o clima é de comemoração. A ópera-rock Tommy do The Who, o Abbey Road dos Beatles e o Let it Bleed dos Stones são cinquentões com corpinhos de vinte. Por estas bandas, Gal, com seu primeiro disco, o Rei Roberto, Jorge Ben, os Mutantes e Gilberto Gil, mandando "aquele abraço" de Londres, detonaram obras seminais. O festival de Woodstock balançou corpos, mentes e almas. No Oscar daquele ano, Katherine Hepburn e Barbra Streisand ganharam, juntas, o Oscar de melhor atriz. O universo nerd parabeniza a internet, o desenho Scooby Doo e o querido programa Vila Sésamo. Samuel Beckett ganhava o Nobel de Literatura enquanto Jack Kerouac punha o pé na estrada celeste. O Fortaleza foi campeão cearense. Bem, não se pode ter tudo.
Por aquela época, a barra brazuca, como hoje, andava pesada. O ditador médici (atenção, revisor) tomava posse em outubro tocando o terror, enquanto as polianas de sempre louvavam o "milagre brasileiro". Por aqui, Plácido Castelo, governador, planejava o Castelão e José Walter Cavalcante, prefeito da Loura, demolia o Abrigo Central, a Coluna da Hora e a antiga Praça do Ferreira. Mas, vida que segue. Jennifer Lopez puxa a fila das celebridades que farão cinquentinha em 2019. Felicidades pelo jubileu, primeira turma da Escola de Arquitetura da UFC, no ano exato em que a Bauhaus completa cem. Parabéns, Baby, Fausto, Paulo Cardoso e demais colegas, foram vocês que nos abriram o caminho. Amigo tempo, tempo, tempo, és um senhor tão bonito...