Logo O POVO+
Rodrigo Maia protagoniza aprovação de reforma da Previdência
Reportagem

Rodrigo Maia protagoniza aprovação de reforma da Previdência

Câmara aprovou reforma por 379 votos contra 131. Casa vota hoje cerca de 20 destaques ao texto
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
PRESIDENTE da Câmara, Maia chegou a chorar após confirmação do resultado da votação (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados PRESIDENTE da Câmara, Maia chegou a chorar após confirmação do resultado da votação

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem, por 379 votos a 131, o texto-base da reforma da Previdência — eram necessários 308. A vitória folgada da proposta, apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) ainda em fevereiro, foi capitaneada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A medida, que contou com apoio de metade da bancada cearense, segue em análise na Câmara. A Casa vota hoje cerca de 20 destaques à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) antes de submetê-la à apreciação em segundo turno. Só depois de aprovada em nova rodada é que a medida é encaminhada ao Senado, onde precisa obter 49 votos (de 81) para ter sucesso.

Listen to "#108 - Emendas e sanções: a Reforma por trás voto" on Spreaker.

A versão do texto aprovada ontem prevê cerca de R$ 900 bilhões de economia em uma década, patamar abaixo do estabelecido como meta pelo ministro Paulo Guedes (Economia), que era de R$ 1,2 trilhão em dez anos.

Antes mesmo da divulgação do resultado da votação, Maia fez discurso repleto de simbologia e de mensagens, algumas enviadas ao Executivo. Emocionado, disse que o papel da Câmara "é recuperar a força do Congresso Nacional, porque estamos fortalecendo a nossa democracia".

O demista afirmou ainda que "não haverá investimento privado se nós não tivermos uma democracia forte" e que o "investidor de longo prazo não investe em país que ataca as instituições". E, dirigindo-se ao líder do governo, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), declarou: "Nós vamos precisar construir, daqui para a frente, uma relação diferente, em que o diálogo e o respeito prevaleçam em relação a qualquer tipo de ataque".

Pelas redes sociais, Bolsonaro festejou a aprovação da PEC, que é ponto crucial da agenda econômica do Planalto. No Twitter, o pesselista escreveu: "Cumprimento a Câmara dos Deputados, na pessoa do seu presidente Rodrigo Maia, pela aprovação, em 1° turno (379x131), da PEC da Nova Previdência". Em seguida, disse que o "Brasil está cada vez mais próximo de entrar no caminho do emprego e da prosperidade".

Ainda que o Governo tenha sido determinante no resultado ao liberar recursos de emendas parlamentares nas vésperas da votação (mais de R$ 1 bilhão apenas nos primeiros dias de julho), deputados avaliam que o êxito da reforma só foi possível por causa de Maia.

"Foi uma vitória do presidente da Câmara e não do Bolsonaro. O nome dele sequer foi lembrado", avaliou o petista José Guimarães. Para ele, que foi um dos 11 cearenses contra a medida, a aprovação da reforma com larga margem de votos consolida um novo bloco político-ideológico, "com o centrão dirigido pelo Rodrigo Maia".

O parlamentar, no entanto, ressalva que ainda faltam destaques importantes que podem modificar o texto final. "Não é uma vitória definitiva. Fizeram uma meia-sola, porque o ponto central era a capitalização", defende. Segundo Guimarães, os principais destaques tratam da regra de pensão, professores, policiais e pedágio para aposentadoria.

Também contrário à PEC, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) afirma que "não há dúvida de que a atuação do Maia foi essencial para esse resultado" e que o colega de Parlamento "foi o principal articulador da reforma". De acordo com ele, o governo Bolsonaro "entrou como coadjuvante".

Cientista político da Faculdade Mackenzie, Rodrigo Prando concorda com os deputados. "É uma reforma que foi abraçada pelo Legislativo porque o Bolsonaro sempre foi estatizante e corporativista", analisa. "Na incapacidade de articulação do presidente", prossegue o especialista, "Maia sai como principal ator do processo". Prando acrescenta: "O poder não fica órfão. O resultado é uma resposta que o Maia dá".

Emendas

Desde a semana passada, o governo Bolsonaro liberou ao todo R$ 3,5 milhões em emendas para o Ceará. R$ 2,5 milhões no dia 3 e mais R$ 1 milhão ontem. Os recursos estavam retidos

O que você achou desse conteúdo?