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Famílias da região não foram informadas da decisão judicial
Reportagem

Famílias da região não foram informadas da decisão judicial

Sentença. Demolições de casas
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Tipo Notícia

Os sentimentos dos moradores das margens do rio Coaçu, na área da Sapiranga, em relação à decisão judicial de demolição das suas casas são distintos, assim como os tempos de cada um deles na região. No último dia 30 de junho, a 7ª Vara da Fazenda Pública determinou a demolição do Restaurante Zé do Mangue e as demais construções que se espalham pelas margens do rio. Enquanto o proprietário recorreu da sentença, outros moradores têm poucas informações acerca dos fatos.

"Chegou essa notícia inesperada, querendo ter essa retirada de um jeito grosseiro. Porque aqui você vê. São mais de 200 famílias. São gente, são cidadãos que precisam de uma morada digna, e a gente não tem condição. É muito triste e a gente só quer um canto pra morar. A gente está aqui, a gente preserva, a gente tem direito também. Porque isso também faz parte da gente", reivindica Adriano Rodrigues, 32 anos.

O operador de máquinas mora na área há sete anos. Assim como ele, outros moradores relatam ter recebido poucas informações, como a diarista Regiane Ribeiro, 37 anos, que vive com os filhos numa casa próxima à Área de Proteção Ambiental (APA) há cerca de dez anos.

"Soube através da minha cunhada que mora perto do Zé do Mangue e ela me falou que na segunda-feira ia ter uma reunião, porque iam despejar nós daqui. Só que eu não fui pra reunião, porque eu fui trabalhar", conta a diarista.

Em meio a preocupação ou desconfiança, os moradores são unânimes quanto a indenização, caso tenham que deixar suas casas.

O comerciante aposentado Raimundo Aguiar Rocha, 70 anos, vive há 25 anos num terreno vizinho ao Zé do Mangue. No local, ele tem uma criação de bichos, onde ele diz aproveitar a tranquilidade. Sobre o processo, ele prefere aguardar os desdobramentos.

"Pode ser que tenha, mas eu acho que não tem fundamento. Não é assim, chegar, pegar e tirar não. Eles têm que vir, avaliar, fazer uma avaliação, entrar em negociação. Não existiu isso ainda", argumenta Rocha.

 

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