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Política brasileira pode afetar negócios com mercado internacional
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Política brasileira pode afetar negócios com mercado internacional

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O agronegócio investe no crescimento do mercado de orgânicos ao mesmo tempo em que adota boas práticas no uso dos agrotóxicos. Segundo o engenheiro agrônomo e superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-CE), Sérgio Oliveira da Silva, o mercado nacional e cearense tem avançado nos últimos anos para atender a demanda internacional e melhorado a qualidade dos produtos ofertados.

A procura por cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural-Ceará tanto para capacitação na produção de produtos orgânicos como também para treinamento no manejo dos produtos químicos, para o superintendente, mostra a busca para capacitação no mercado local.

"Os produtores estão aderindo às boas práticas de produção, segundo requer a Embrapa, utilizando produtos regulamentados, que exigem uma carência de utilização. Investir nisso é necessário, pois, infelizmente, ainda não temos como produzir o suficiente para atender à demanda de maneira 100% orgânica. Ainda não temos essa tecnologia", diz.

O mestre em Relações Internacionais e Ação no Estrangeiro pela Université Paris Panthéon-Sorbonne, Philippe Gidon, acredita que uma legislação mais permissiva a agrotóxicos e produtos transgênicos podem prejudicar o Brasil nas negociações com mercados estrangeiros com regras mais rígidas.

Ele cita o acordo do Mercosul com a União Europeia, que após 20 anos de negociação deu um grande passo para entrar em vigor, mas que as condições para abertura comercial devem ser analisadas com atenção pelos países. Um dos pontos que causa preocupação a mercados importantes do continente europeu é o uso de química acima do permitido pela legislação de lá.

O também professor de Relações Internacionais da Universidade de Fortaleza (Unifor) pontua que cada país tem suas regras e para o Brasil o acesso a alguns países pode ser um obstáculo. "O fechamento do acordo gerou uma grande polêmica na França, pois os produtores brasileiros teriam vantagem frente aos produtores locais, que não têm autorização de usar boa parte dos agrotóxicos permitidos no Brasil, que aumentam rendimento, o que causaria uma concorrência desleal", diz.

Ainda de acordo com Gidon, por causa desse entrave, é possível haver reviravoltas com relação ao acordo entre sul-americanos e europeus. A preocupação é na relação de custo do produto brasileiro no mercado europeu, que seria mais barato, mas que teria no seu conteúdo mais química que o europeu. (Samuel Pimentel)

 

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