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Paixão feito ímã
Reportagem

Paixão feito ímã

Mayara Garcia & Bruno César
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Mayara Garcia e Bruno César (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES Mayara Garcia e Bruno César

Foi feito pólos contrários de ímãs que são colocados no campo magnético um do outro. Quando Bruno se ofereceu para acompanhar a prima da namorada de seu amigo até o banheiro, ele nem poderia imaginar. As turmas dos dois tinham, por acaso, se reunido e Mayara teve a mão segurada pelo desconhecido que começou a serpentear com ela em meio à multidão de uma sexta-feira de Ceará Music. E ela foi. Dois dias depois, quando o Biquini Cavadão tocava no palco principal, a atração magnética se completou. O ano era 2004, e desde o primeiro beijo eles vão se provando todos os dias que, como diz a máxima, os opostos se atraem.

A bancária Mayara Garcia, 31, é resolutiva, extrovertida, impetuosa, gesticula enquanto despeja um fluxo constante de palavras. O coordenador de vendas Bruno César, 36, é observador, calmo, menos confiante do que gostaria, e fala somente o necessário. Eles lembram o dia, por exemplo, em que Mayara viu uma passagem barata da Itália para o Brasil e encasquetou que deveriam comprar, mesmo não tendo os bilhetes de ida para Europa. "A gente comprou a ida dois meses depois, mas até comprar eu dizia: 'Não sei se a gente vai pra Europa, mas a gente vai voltar'", ri Bruno.

Já seriam muitas diferenças para equilibrar em uma relação, mas, quis o destino, que ainda houvesse mais um ponto destoante: Mayara é uma fervorosa torcedora do Fortaleza, enquanto Bruno herdou de família uma paixão desmedida pelo Ceará.

Quando é dia de Clássico-Rei, para o bem da família, as televisões se ligam em cômodos separados da casa, ainda que os gritos de lá e de cá ditem o ritmo da provocação. Isso porque em 2015, quando o Cassiano fez o gol que impediu o pentacampeonato do Alvinegro, os dois encrencaram, e não trocaram palavra pelos dois dias seguintes. Mas, é de se pensar que, com os anos, eles achassem estratégias para conviver em harmonia. Eles bem que tentam. Bruno acompanha Mayara no estádio em dia de jogo do Fortaleza; ela, por vezes, também repete o sacrifício. Mas aí a paixão iguala os pólos do ímã e o movimento é de repulsa.

"Esses dias, o Fortaleza ganhou, ela queria vir no carro escutando o hino", lembra Bruno. "Eu botava, ele tirava no controle da direção. Eu dizia 'faça isso não'. Ele dizia. 'eu lá vou dirigir escutando isso'", completa Mayara. E lá se foram mais um par de dias de silêncio. A sorte deles é que têm dois meninos de recado. Fernando, 9, e Rodrigo, 7, os filhos, no meio do fogo cruzado já não veem tanta sorte assim. Tanto que, após serem puxados de um lado ao outro para se decidirem por um dos times, acharam uma solução: não torcem nenhum dos dois.

Em janeiro, quando o namoro perfaz uma década e meia, Mayara e Bruno vão se casar. Depois de irem vivendo um casamento sem planejamento, conforme a vida ia acontecendo, decidiram celebrar que deu certo, mesmo com as diferenças. "Aprendi não a ser mais calma, mas a entender que quando a vida tá serena é bom também", diz a tricolor. "Ela me ensinou a arriscar mais, a ter mais confiança", acredita o alvinegro. "Ele é o que me segura". "Ela é o que me mexe", dizem, assim, se completando. Mayara tenta explicar que "se ele tivesse um relacionamento com uma pessoa mais calma, talvez ele tivesse uma vida…". E aí, Bruno interrompe para juntar os pólos: "...menos emocionante".

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