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Quase metade das fraudes financeiras no Brasil se deu em transações ou compras online
Reportagem

Quase metade das fraudes financeiras no Brasil se deu em transações ou compras online

Levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostrou que quase metade das fraudes financeiras no Brasil se deu em transações ou compras online
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Fazer compras através de um site pagando com o cartão de crédito é cada dia mais comum. O risco de descobrir que o mesmo cartão foi usado para efetuar outras compras, sem conhecimento do proprietário, também. No Brasil, as transações não reconhecidas pela internet estão entre as fraudes financeiras mais registradas. Contra elas, informação, novas ferramentas tecnológicas e a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Na porta de uma instituição financeira, muitos são os casos de quem foi enganado pela internet. Mas também de quem conhece seus direitos e busca formas seguras de comprar em um clique. "Comprei uma passagem em abril e nesse mês fui usar o cartão e apareceu que a transação não era permitida, que só resolveria diretamente na agência. Outra vez, recebi uma ligação sobre uma compra de valor alto, em outro Estado. Na mesma hora, bloquearam meu cartão", contou o advogado Diego Martins.

Evitar compras por telefone, procurar sites confiáveis e, caso tenha algum problema, buscar imediatamente a instituição financeira para um reembolso. Estas são as dicas de Martins para evitar prejuízos. "Ainda sofremos uma certa falta de segurança, até porque muitas instituições dizem que não têm responsabilidade sobre a fraude, porque são vítimas. Mas o entendimento legal é de que ela (instituição) deve se responsabilizar pelo dano que o consumidor sofreu", pondera o advogado.

Há alguns anos, os crimes de clonagem de cartão, executados pelos "famosos" cartãozeiros, fizeram muitas vítimas e muito dinheiro. Mas a fraude que consistia em copiar o cartão de crédito físico ficou no passado. A implantação de chips nos dispositivos minimizou esse tipo de ocorrência, mas fez com que as fraudes financeiras migrassem. O novo terreno, virtual, parecia perfeito: mais possibilidades de golpes, pouca validação documental e falta de conhecimento dos usuários sobre segurança. Com um e-mail, enviado a milhares de pessoas, já é possível enganar e roubar dinheiro.

Levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), divulgado em maio, mostrou que quase metade das fraudes financeiras no Brasil se deu em transações ou compras feitas pela internet. E é na rede de conectividade mundial onde estão senhas, números e informações úteis ao fraudador. "Se você colocar seu nome completo no Google, algum site vai exibir todos os seus dados. Os cuidados que as pessoas tomam na internet são tão poucos que acaba sendo fácil para o fraudador cometer o crime", afirma o sócio-diretor da Morphus Segurança da Informação, Pedro Prudêncio.

Para Prudêncio, conhecimentos básicos de segurança da informação deveriam ser ensinados ainda na escola. Isso evitaria, por exemplo, que o acesso em sites falsos fosse tão comum. "As pessoas entram em sites que têm a aparência de falso, porque elas não sabem coisas simples que poderiam identificar", comenta. Uma responsabilidade que precisa ser também dos governos e das empresas financeiras. "Quanto menos fraudes, mais pessoas compram", frisa.

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD)

Sancionada em 2018 e com previsão de entrar em vigor em 2020, a LGPD segue o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia. Estipula as responsabilidades das pessoas jurídicas que tratam dados pessoais e determina o consentimento do titular dos dados para coleta dessas informações.
Cria direitos para que o cidadão se proteja do uso indevido de seus dados pessoais.

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