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As várias formas de "roubar" pela internet
Reportagem

As várias formas de "roubar" pela internet

| Golpes | Uma das fraudes consiste no sequestro do número de WhatsApp e envio de mensagens pedindo dinheiro
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Tipo Notícia

"A sua conta pode ser cancelada." A mensagem chega no seu celular ou na caixa de e-mail. Você, inocentemente, quer regularizar o suposto problema no banco e começa a fornecer dados como CPF e até senhas. Pronto, mais uma vítima de um ciberataque conhecido como phishing. As informações são capturadas e, dali em diante, serão negociadas entre criminosos. Tudo pode ser vendido e comprado: produtos, senhas, números de cartão de crédito.

"O fraudador compra com os dados que capturou de alguém e oferece em canais de venda por metade do preço. Faz com que os números roubados virem dinheiro", explica o chefe de pesquisa da Morphus, Renato Marinho. Ele explica que existem vários níveis de fraudadores, os que roubam as senhas, os que as compram, os que repassam. E tem ainda fraudes que não envolvem cartão, especificamente, mas têm como objetivo adquirir dinheiro a partir de um golpe.

Uma dessas fraudes consiste no sequestro do número de WhatsApp e no envio de mensagens particulares a amigos pedindo dinheiro emprestado. O criminoso pode conseguir ainda convencer a empresa do aplicativo que seu número é, na verdade, dele. "E a partir daí começa a usar aquele número para receber códigos de confirmação para efetuar transações bancárias", detalha Marinho. O conhecido "vírus" também é uma forma de fraudadores terem acesso a dados bancários.

O aposentado José Edmar Ferreira sabe que abrir e-mails desconhecidos é perigoso. Vítima de um golpe por telefone, quando alguém se fez passar por seu sobrinho e conseguiu uma transferência de R$ 600, Ferreira conta que recebe muitos e-mails informando que seu cartão foi cancelado. "Eu nem abro, já deleto direto. É preciso estar atento. Eles pedem para desbloquear o cartão e aí já estão clonando. Pesquiso muito para saber o que fazer e não cair no conto do vigário", detalha.

Em Fortaleza, de acordo com o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon), apenas 77 reclamações de fraudes financeiras foram feitas em 2018. Foram 14 roubos de cartão, 36 lançamentos não reconhecidos na fatura e 27 de transações eletrônicas não reconhecidas. "Quando há uma ampliação do mercado de consumo, como agora na era da internet, sabemos que existem muita gente de má fé. A violação de dados é inconstitucional e fere o Código de Defesa do Consumidor (CDC)", afirma a presidente do Procon/Fortaleza, Cláudia Santos.

O POVO solicitou informações junto à Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) sobre as denúncias que envolvam transações financeiras feitas na internet. Nenhum dado ou entrevista foram disponibilizados até o fechamento desta edição.

 

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