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Soluções para o barateamento
Reportagem

Soluções para o barateamento

Congelamento de preços é avaliado com cautela; entrada de novos agentes poderia aquecer o mercado de combustíveis
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As intervenções do governo no preço dos combustíveis, como a realizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para evitar alta do diesel em abril, por mais que possam parecer positivas, uma vez que seguram possíveis aumentos, são analisadas com cautela.

Cláudio Ribeiro de Lucinda, professor do departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP), explica que, eventualmente, o valor congelado precisará ser pago. Ele lembra dos efeitos causados pelo congelamento efetuado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2012 e 2015, mesmo com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional.

"A Petrobras perdeu valor de mercado e o Governo Federal perdeu dinheiro em uma magnitude nunca antes vista na história da empresa", detalha.

Pedro Felipe Silvino, professor do curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal do Ceará (UFC) aponta que a mudança do sistema rodoviário para os oleodutos seria a solução mais ideal para barateamento dos combustíveis, uma vez que são meios de transporte considerados preferenciais para suprir tanto refinarias quanto centros consumidores de derivados. O grande problema reside no investimento inicial, que costuma ser alto. O tempo de construção dessas tubulações também é longo.

"Mas os custos de operação e manutenção, com as estações de bombeamento, similares às de água, são menores em relação ao transporte rodoviário", afirma. Outro benefício apontado por Silvino é que esse sistema funciona independentemente de imprevistos como a greve dos caminhoneiros ocorrida no ano passado. Ele lembra que o abastecimento de gás natural veicular (GNV) não foi comprometido, uma vez que boa parte do combustível que chega ao Ceará é transportada via gasoduto.

Uma possível mudança na estratégia de refino também é vista com bons olhos. De acordo com o anuário 2019 da Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência (Plural), a Petrobras é o investidor com a maior fatia entre as empresas que realizam esse ponto da cadeia produtiva no Brasil, respondendo por mais de 80% da atividade.

Segundo Silvino, essa participação de mercado tem impacto no valor cobrado pelos postos de combustíveis. Cláudio Ribeiro endossa a discussão apontando que uma desverticalização da cadeia produtiva seria bem-vinda para o mercado.

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