A pesquisa sobre a Geração Z também revelou que 75% dos jovens não se preparam para a aposentadoria. Dentre os que realizam algum preparo, a estratégia mais apontada foi a aplicação em poupança (26%), a contribuição do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pago pela empresa onde trabalham (21%) - o que não reflete um investimento feito por eles mesmos -, a Previdência Privada (21%), a abertura do próprio negócio (21%) e o INSS pago de forma autônoma (19%).
O comportamento precavido (35%) encabeça as razões apontadas pelos que se preparam para a aposentadoria, seguido pelo exemplo de pessoas que não se prepararam e tiveram problemas financeiros (22%) ou mesmo em pessoas que se prepararam e, por isso, tiveram uma aposentadoria tranquila (18%). Mas também há quem argumente não ter renda (27%), ainda ser muito jovem (27%), o fato de não sobrar dinheiro (24%) e não saber como fazer (21%).
De acordo com Ana Isabel Martins, gestora de Negócios e Relacionamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, a falta de preocupação com o amanhã e a facilidade de acesso ao crédito no início da juventude estão entre os fatores que contribuem com o consumo desregulado. "O imediatismo de ter que consumir rápido, bem como a falta de experiência, têm sido os vilões", analisa.
Martins destaca que 9% dos inadimplentes de Fortaleza são da faixa etária até 25 anos. No Estado esse número sobe para 11,40%. A forte pressão exercida pelo consumo, segundo ela, contribui para que os jovens não façam reservas para o futuro. A porta-voz também destaca que essa conjuntura é danosa não apenas para o consumidor que possui dívidas, mas para a empresa que acumula prejuízos e à economia como um todo, que passa a cobrar juros mais altos.
Apesar das justificativas relacionadas ao despreparo, muitos sabem que essa negligência provoca efeitos danosos: 26% acreditam que quem não se prepara não poderá viver com tranquilidade ao se tornarem idosos, 25% consideram que o padrão de vida pode cair depois de aposentados, 16% julgam que não poderão parar de trabalhar e 13% que precisarão contar com ajuda financeira de familiares e amigos para manter os custos de vida.
Segundo Liliam Carrete, professora de Finanças da Universidade de São Paulo (USP), a sociedade brasileira mantém o hábito de preparar crianças e jovens para o mercado de trabalho, mas não para a independência financeira. "Temos uma cultura de sempre esperar o Estado nos prover, mas temos visto que o Estado não é capaz de fazer isso", analisa.