Logo O POVO+
Ceará dá sinais de instabilidade
Reportagem

Ceará dá sinais de instabilidade

| Emprego | O primeiro trimestre do ano acumulou saldo negativo de 7.965 postos de trabalho
Edição Impressa
Tipo Notícia

A situação do Ceará também não é nada animadora. O trimestre já acumula um saldo negativo de 7.965 postos de trabalho. Em março, foram fechadas 4.638 vagas de emprego em áreas estratégicas como construção civil (-2.188), comércio (-1.022), indústria de transformações (-549) e serviços (-527). Ao todo, seis das oito áreas analisadas não apresentaram os resultados esperados.

A explicação para a queda pode ser dada pelas características sazonais do período. Segundo Mardônio Costa, analista de Mercado de Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), é possível esclarecer, por exemplo, a baixa verificada no comércio. "Isso se deve aos desligamentos dos contratos temporários, que começam em novembro do ano anterior e perduram pelos primeiros meses do ano. Chegam a perdurar até março por conta das vendas de material escolar", diz.

De acordo com Mardônio, a análise do cenário estadual também deve levar em consideração a conjuntura econômica do País. "Nós estamos com a economia nacional crescendo, mas de uma forma muito lenta, modesta. Essa retomada vagarosa impacta negativamente na recuperação do mercado de trabalho", destaca.

As incertezas geradas pela não aprovação da reforma da Previdência também não podem passar despercebidas diante do todo. Segundo o analista, as incertezas político-econômicas fazem com que empresários adiem possíveis investimentos que poderiam gerar novos postos de trabalho. "Há uma insegurança sobre como a reforma da Previdência vai passar, se vai ser como o governo pretende ou se será mais enxuta".

Para exemplificar a gravidade da situação, Mardônio relembra a situação do Estado em anos anteriores. O pior para o mercado de trabalho no Ceará foi 2016, principalmente por causa da crise econômica iniciada dois anos antes. "O Estado fechou 37,5 mil empregos com carteira (assinada) em 2016. Só no mês de março, foram 4.700 postos a menos, muito parecido com o que vivemos em março de 2019".

Erle Mesquita, coordenador de Estudos e Análise de Mercado do IDT, avalia que o Estado passa por uma desvalorização em relação aos postos de trabalho. "Há cada vez mais abertura de postos nas faixas mais baixas, principalmente entre aquelas que chegam ao salário mínimo ou no máximo ao piso da categoria".

O que você achou desse conteúdo?