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Relação de confiança
Reportagem

Relação de confiança

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É complicado para nós, pais e responsáveis, lidarmos com os aspectos socioculturais e psicológicos que afetam nossos filhos. Há sempre a percepção de que há uma conversa no limbo ou um silêncio que foi rompido sem necessidade. Mas o caminho é um só: o diálogo. O meu filho, aos 3 anos (hoje tem 8), expandiu o mundo quando iniciou a vida escolar. Foi quando o Pedro conheceu gente de perto, pessoas que não estavam no círculo familiar e no imaginário das histórias que ouvia. Esse novo contexto trouxe questionamentos, medos, novos sentimentos. Foi então que ele pressupôs estar apaixonado e, desde então, tem sido assim todos os anos. Seja por uma garota da sala ou do inglês.

A nossa primeira conversa sobre isso foi tensa. Ele temia julgamentos. As professoras da antiga escola avisavam o tempo todo que namorar era feio e quem o fizesse ia para a diretoria. O Pedro foi se oprimindo por gostar dos outros até conversamos. Deixei claro que o amor é uma coisa bonita de sentir e que bom que ele o sentia, mas expliquei que criança não namora. Meu filho sintetizou: "Eu posso gostar porque é bonito querer o bem do outro, mas não posso namorar porque não é coisa da minha idade, né?". É simples, mostrou.

Esse diálogo abriu portas para uma relação de confiança para que, juntos, entendêssemos como conviver com o que nos inquieta sem sobressaltos. Uma abertura que rompeu barreiras para falar de temas difíceis - mas importantes para alertá-lo -, como pedofilia, abusos e machismo.

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