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Juan Guaidó vem ao Brasil e desafia Nicolás Maduro
Reportagem

Juan Guaidó vem ao Brasil e desafia Nicolás Maduro

| CRISE NA VENEZUELA | Líder da oposição venezuelana teve encontro a portas fechadas com Jair Bolsonaro e almoçou com embaixador do Canadá em Brasília
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JAIR BOLSONARO recebeu Juan Guaidó no Palácio do Planalto ontem (Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil JAIR BOLSONARO recebeu Juan Guaidó no Palácio do Planalto ontem

Após ter deixado a Venezuela sem autorização do governo do país, Juan Guaidó, líder da oposição, segue em tour pelos países vizinhos em busca de contínuo apoio regional e estreitamento de relações. Ele esteve ontem em Brasília em encontro privado com o presidente Jair Bolsonaro. A agenda também incluiu um almoço com o embaixador Rick Savone do Canadá, país que também o reconheceu como presidente interino.

Guaidó segue hoje para o Paraguai, onde será recebido pelo governo de direita de Mario Abdo Benítez. O presidente paraguaio esteve com Bolsonaro há três dias na ocasião da posse do novo diretor geral da usina de Itaipú. Ele disse que acredita em um projeto de integração na América Latina.

Autoproclamado presidente interino, Guaidó deixou a Venezuela pela fronteira com a Colômbia na última semana e ainda não se sabe como retornará. Em coletiva de imprensa após se reunir com Bolsonaro, Guaidó afirmou que continua recebendo ameaças.

Questionado se não tem medo de voltar ao seu país e ser preso ou até mesmo sequestrado, como já aconteceu com outros líderes de oposição, Guaidó negou. "Apesar dos presos políticos, das perseguições, fazemos resistência pacífica", disse. Ele criticou o atual presidente Nicolás Maduro pela perseguição feita nos últimos anos a opositores e o culpou pela situação de miserabilidade de grande parte da população. Para ele, o país tem capacidade de se recuperar rapidamente após a queda do regime.

"O regime de Maduro diz à imprensa internacional de que a situação é uma questão de guerra ou paz. Não é, é uma questão de democracia ou ditadura", disse. Ele também afirmou que as últimas eleições na Venezuela, em que Maduro saiu vencedor, não foram livres e democráticas.

Apesar de tê-lo recebido em Brasília, a equipe de Bolsonaro ratificou que a visita era de cunho pessoal. A chegada de Guaidó não seguiu os ritos tradicionais da diplomacia brasileira para receber oficialmente outros chefes de Estado. "Nós não pouparemos esforços dentro da legalidade, da nossa Constituição e das nossas tradições para que a democracia seja restabelecida na Venezuela. E isso só será possível com eleições limpas e confiáveis. Nos interessa uma Venezuela livre, próspera e economicamente pujante", disse Bolsonaro.

Ele criticou governos anteriores do Brasil por terem dado apoio ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. "Faço uma mea culpa aqui, porque dois ex-presidentes do Brasil fizeram parte do que está acontecendo na Venezuela hoje. Essa esquerda gosta tanto de pobre que acabou multiplicando-os, e a igualdade buscada por eles foi por baixo. Queremos uma igualdade para cima, na prosperidade", afirmou.

O presidente brasileiro pediu permissão para chamar Guaidó de "irmão" e afirmou que continuará apoiando as decisões do Grupo de Lima em favor da mudança de política no país vizinho, "por liberdade e democracia". Ao final de seu pronunciamento, apertou a mão do colega. (com agências)

Anistia

Guaidó reiterou que pretende anistiar militares e civis, atualmente leais a Maduro, que decidirem apoiar sua interinidade. Segundo ele, a medida deve se estender a oficiais que estão no comando no país.

 

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