Quando um artefato explosivo foi detonado na base do viaduto da avenida Odilon Guimarães sobre a avenida Washington Soares, na noite da última quinta-feira, 10, no bairro Guajerú, uma mensagem instantânea foi disparada para o celular do governador Camilo Santana (PT) e de todos os membros do Gabinete de Gerenciamento de Crise (GCrise), montado pelo Executivo estadual para gerenciar ações de contenção à onda de atentados no Ceará.
Ciclo que se mantém ativo desde o último dia 2, com mais de 200 ocorrências registradas.
A notificação imediata se deu porque o ataque na Grande Messejana, assim como todos os outros que envolvem o uso de material explosivo, foi considerado "grave", dentro da escala de severidade adotada pelas Forças de Segurança. Imediatamente, ações de pronta resposta e contenção foram deflagradas. As informações foram obtidas pelo O POVO junto a membros do GCrise, que falaram sob a condição de anonimato.
Passado o calor do momento, a avaliação do grupo é que, apesar da ousadia, os ataques estão diminuindo gradativamente. As ações se tornaram pontuais e a causa seria o impacto provocado pela presença massiva de policiais nas ruas.
O "poder aquisitivo" das facções foi afetado, dada a "pausa" forçada no tráfico de drogas e nos roubos, em razão da "guerra ao Estado". Foi observado, inclusive, que as ações com uso de arma de fogo teriam decrescido.
Assim tem sido a rotina dos integrantes do gabinete extraordinário montado pelo governador. Ataques expressivos são informados de maneira instantânea. Já as ações de menor porte, como a queima isolada de veículos e crimes aleatórios, são comunicadas aos integrantes do grupo de gerenciamento por meio de boletins de situação, que são repassados a cada uma, duas ou três horas, dependendo da quantidade de casos.
E embora se reúnam com frequência aleatória, todos os integrantes do GCrise, exceto os membros do Judiciário, possuem representantes que atuam de maneira ininterrupta no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), localizado na sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), no bairro São Gerardo.
Dependendo da gravidade da ocorrência, são adotadas reações de intervenção de maneira unilateral ou integrada. No caso de ataques a ônibus em rodovias, por exemplo, as polícias rodoviárias Federal ou Estadual são destacadas.
Já fugas, transferências ou ataques envolvendo muitos criminosos demandam a ação de todos os órgãos, inclusive da Força Nacional e efetivos policiais de outros estados.
Todos os agentes estão sob a coordenação do titular da SSPDS, André Costa, responsável por gerir ações integradas de alinhamento tático e estratégico. Já os membros do Judiciário atuam para desburocratizar medidas, facilitando a tomada de decisões. Cabe ao governador Camilo Santana, porém, dar a última palavra quanto às deliberações mais importantes.
ATAQUES
Monitoramento dos atentados é feito de maneira ininterrupta desde o dia 2 de janeiro, quando ciclo de ataques começou. Já são mais de 200 ocorrências
Quem compõe o GCrise
Chefe: Secretário André Costa (SSPDS)
INTEGRANTES:
- Polícia Civil (PC)
- Polícia Militar (PM)
- Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPCE)
- Perícia Forense (Pefoce)
- Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE)
- Secretaria de Administração Penitenciária (SAP)
- Secretaria Municipal de Segurança Cidadã
- Polícia Federal (PF)
- Polícia Rodoviária Federal (PRF)
- Núcleos de Inteligência de diversos órgãos (Coin-SSPDS, Coint-SAP, MPCE, PC, PM, PF e PRF)
- Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
- Membros da Força Nacional e das policias de outros estados ficam subordinados ao secretário André Costa