"Minha militância tem sido na área da economia criativa, essa que é formada de pequenos empresários, de redes, de coletivos, que é colaborativa e tem grandes afinidades com a economia solidária. É uma economia da juventude brasileira que vai se apoiando e trocando conhecimentos, ligada a diferentes projetos. Acredito muito nos sistemas coletivos e redes dos setores da economia criativa. Porque tem grande tendência à desconcentração de renda, com foco na visão dos micros e pequenos empreendedores. Tudo isso faz parte de um intercâmbio de objetivos comuns".
Ela defende que, para se chegar a uma economia mais justa, o poder público precisa entender que "o Brasil é o País das Pequenas e Médias Empresas (PMEs)", lembrando que esses negócios geram mais de 70% dos nossos empregos. "Temos um longo caminho a avançar. Precisamos apostar no empreendedorismo e na gestão dos pequenos empreendimentos, que estão nas periferias das cidades", afirma.
Entre os problemas que travam a evolução da economia criativa no Brasil, ela aponta a falta de apoio ao pequeno empreendedor, altos impostos, grande burocracia, difícil relação com entidades financiadoras e falta de formação. Isso tudo contribui com o aumento da informalidade e, consequentemente, prejudica a União e os governos estaduais e municipais, em razão da menor arrecadação de impostos.
"A única forma de enfrentar a concentração de renda é criar condições para que o pequeno empreendedor cresça, que tenha um ecossistema de negócios favorável. Ele ainda tem pouco apoio em relação ao grande. Foi muito isolado e agora está se organizando em coletivos, grupos. Daí vemos uma economia dos pequenos muito informal. O empreendedor só vai se formalizar se realmente tiver o ecossistema favorável. Isso é uma forma civilizada e contemporânea de se desenvolver países. Cada vez mais, vamos caminhar na superação da concentração se apostarmos nos pequenos negócios", acredita.
A criação de diversos observatórios temáticos no Estado é avaliada como positiva. Para este ano, informa, o desafio é consolidar essa rede e, ao mesmo tempo, trabalhar na sustentabilidade do Observatório de Fortaleza, a fim de planejar uma Cidade com visão urbanística própria do século XXI, ideia que está em consonância com os planos governamentais Fortaleza 2040 e Ceará 2050. "Nós temos que criar cidades mais humanas, acessíveis e que criem mais oportunidades", diz. Para os próximos anos, a ideia é investir em ações que venham de baixo para cima da cadeia, promovendo um aumento de oportunidades e consequente diminuição da desigualdade. Uma proposta que também se insere na linha de acompanhamento editorial do O POVO na caminhada para seu centenário.
Samuel Pimentel
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