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Ceará registrou 211 ataques em 15 ciclos de atentados
Reportagem

Ceará registrou 211 ataques em 15 ciclos de atentados

Entre bens públicos e privados, pelo menos 360 veículos e 70 prédios foram atacados. Dois PMs e cinco pessoas ficaram feridas. Um cobrador de ônibus morreu
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Retaliação às mortes por intervenção policial, reação à transferência de presos, desaprovação de medidas adotadas na gestão do sistema prisional e demonstração de força. Essas foram as principais motivações apontadas para os 211 ataques registrados no Ceará, desde 2014 até ontem. Foram 15 ciclos de atentados neste período. 

 

O levantamento realizado pelo O POVO, com base nos dados divulgados pelas autoridades e notícias veiculadas pelo jornal, revela o tamanho do desafio posto para a nova gestão de Camilo Santana (PT), que solicitou, na tarde de ontem, apoio do Governo Federal, com o envio de homens da Força Nacional de Segurança, do Exército e da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP). 

 

Como evitar o desencadeamento de ações criminosas, sejam elas ordenadas de dentro ou fora das penitenciárias, a cada ação adotada pelo governo? Até agora, os "salves", método utilizado por criminosos para ordenar ataques, tornam o Estado refém de suas próprias ações. 

 

Na madrugada de quinta-feira, na ação considerada a mais audaciosa até então, houve a tentativa de implodir o viaduto na BR-020, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Pelo menos 30 atentados foram registrados até o fechamento desta matéria. 

 

As ações seriam uma retaliação às intervenções realizadas nos presídios cearenses, como o isolamento de lideranças criminosas, bem como reação à fala do secretário de Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, que não assegurou a permanência da divisão de facções por presídios no Ceará. 

 

Nos últimos cinco anos, ataques semelhantes deixaram um cobrador de ônibus morto e nove pessoas feridas, sendo dois policiais militares e dois motoristas. 

 

Foram incendiados 111 ônibus e 249 veículos, entre viaturas e outros carros de propriedade estatal, particular ou de empresas privadas. Houve 70 ataques a delegacias, agências bancárias, sede de secretarias municipais, secretarias de Estado, empresas e equipamentos públicos ou privados. 

 

Para fins de comparação, O POVO considerou como ciclo somente os eventos nos quais houve três ou mais ações, que guardavam alguma relação entre si, independentemente do período. A reportagem solicitou um balanço oficial à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Porém, a pasta informou que não dispunha de um acompanhamento centralizado para esse tipo de ocorrência.

 

Somente em 2018, três ondas de atentados foram registradas, somando 64 ações. A soma é superior à contabilizada nos anos anteriores. Destes, 34 se deram em julho, após a morte de três suspeitos, na cidade de Amontada, durante intervenção policial. Foram atacados 14 prédios públicos, dois bancos, uma viatura e 17 coletivos. As ações teriam sido ordenadas pela facção 

Comando Vermelho (CV), da qual os suspeitos mortos fariam parte. 

 

Intervenção policial também seria o motivo do primeiro ciclo de 2018, ocorrido em março, quando houve 21 ataques. As ações foram desencadeadas durante tentativa de incêndio ao prédio dos Correios, no Antônio Bezerra, quando bilhete anônimo com ameaças foi deixado. No seguinte, o prédio da extinta Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) foi atacado. Policiais de campana reagiram e mataram três suspeitos. Uma granada e armas foram apreendidas. Eles também seriam membros do CV. 

 

Mais tarde, outros seis prédios, públicos e privados, dez ônibus e um veículo, que estava estacionado no 20º DP, foram incendiados. Houve ainda uma tentativa de incêndio a caminhão, na Barra do Ceará, e a queima de 60 veículos, de uma só vez, em uma garagem, na cidade de Cascavel. 

 

Já o terceiro ciclo de atentados do ano se deu em maio, com quatro ataques, nas cidades de Juazeiro do Norte e Limoeiro do Norte. As ações teriam sido ordenadas por detentos da cadeia pública de Tourão, em Juazeiro, que protestavam contra a proibição do pernoite no Dia das Mães. Ônibus, viatura, caminhão e um teatro foram atacados.

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