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Atentados contra ônibus dão prejuízo de R$ 29,5 mi
Reportagem

Atentados contra ônibus dão prejuízo de R$ 29,5 mi

| desde 2014 | Valor é referente à aquisição e recuperação de veículos. Média é de dois ataques por mês
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O prejuízo causado às empresas de ônibus que atuam em Fortaleza, durante os 15 ciclos de atentados registrados no Ceará desde 2014, já superou a marca de R$ 29,5 milhões. O levantamento, realizado pelo O POVO, com base nos dados cedidos pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), leva em consideração os casos de perda total ou parcial de coletivos.

 

Desde a primeira série de ataques, ainda em fevereiro de 2014, o Sindiônibus contabilizou 114 ações contra veículos de transporte. O balanço inclui os casos registrados até o último dia 3, dado mais recente disponível com detalhamento de perda total ou parcial.

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No intervalo de cinco anos, a média foi de duas ocorrências por mês. Conforme o sindicato, nos casos de perda total, a aquisição de um novo ônibus custou cerca de R$ 450 mil. Já a despesa com o reparo de carros parcialmente destruídos foi de aproximadamente R$ 50 mil por unidade.

 

Feitos os cálculos, a estimativa mínima do dano causado às finanças das empresas supera os R$ 30 milhões, caso seja considerada a queda na arrecadação das concessionárias, ocasionada pela redução da frota em circulação e consequente queda na demanda em dias de ataque. E se engana quem pensa que os coletivos empregados nas ruas da Capital estão segurados.

 

"O seguro nunca valeu à pena. Sempre foi impagável. É mais caro do que o valor de investimento anual em frota. Os riscos são incalculáveis e eles não te dão preço. Uma proposta que cubra vandalismo, hoje, nem tem. E o prejuízo fica sempre com as empresas", explica o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira.

 

Sobre a redução na arrecadação com efetivo diminuto circulando, o presidente diz que é preciso colocar na ponta do lápis o impacto para cada concessionária. "Mas basta você observar que, mesmo no dia em que circulamos com 30% da frota, há ociosidade", completa.

 

Conforme o balanço do Sindiônibus, dos 114 coletivos atacados, 61 apresentaram perda total e 41 tiveram perda parcial. Houve ainda 11 casos de tentativa de incêndio e uma ameaça. Em 68% dos casos, as causas apontadas para as ações criminosas foram "represálias do crime organizado". Outros 28% foram reação a intervenções em presídios, 2% foram protestos contra desocupações e em 4% a razão é desconhecida.

 

A leitura é que, sempre que as facções criminosas declaram guerra ao Estado, o prejuízo deságua nas empresas de transporte. "Não sei se cabe poesia no momento, mas a gente fica como o marisco que está no meio da luta entre o rochedo e mar. Não temos relação direta com esse cabo de guerra, mas o prejuízo financeiro fica com a gente, fica no trauma do empregado, do passageiro afugentado", lamenta.

 

As estatísticas revelam ainda que a maior incidência de ataques a ônibus na Capital é registrada no período da noite. A Área Integrada de Segurança 7 (AIS-7), que concentra bairros como Sapiranga, Edson Queiroz, Aerolândia, Dias Macedo e Passaré, foi a que mais registrou ataques a coletivos, com 22 ocorrências. 

 

Números


114 ações
contra ônibus haviam sido registradas de fevereiro de 2014 até o último dia 3

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