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O que estudantes pensam sobre novo currículo do ensino médio
Reportagem

O que estudantes pensam sobre novo currículo do ensino médio

Jovens citam falta de condições para escolher itinerário formativo
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A estudante do 2º ano do Ensino Médio Jéssica Sales, 17, conta que não houve discussões sobre a Base Nacional Comum Curricular em sala de aula, apesar de a mudança já estar sendo estudada há mais de três anos. Ela não concorda que sejam tiradas de foco matérias que para ela são consideradas importantes, deixando prioritariamente apenas conteúdos de escolha de cada estudante.

"Espero que seja mais discutida essa mudança. Os alunos precisam saber mais sobre a base do Ensino Médio", opina. Por já estar mais próxima de concluir esta etapa da educação básica, ela não sofrerá as alterações colocadas pela BNCC. Mas afirma que, caso tivesse que escolher um itinerário formativo, não saberia qual.

César Lucas, 18, já está no terceiro ano do Ensino Médio e tem uma visão crítica sobre a BNCC. Para ele, que estudou em escola pública, os alunos que não tem condições de frequentar particulares serão os mais afetados. "Vai ser péssimo. Eu tenho dificuldades nas áreas de Exatas, por exemplo, mas sei que é muito essencial aprender. Algumas matérias a gente estuda para a vida, para o cotidiano", aponta, sobre a escolha de itinerários.

"Como é que eles querem especificar uma coisa se não dão uma base para a gente, se eles não dão um preparo psicológico? A gente não tem uma conversa para se conhecer, a gente faz o terceiro ano sem saber mesmo o que está acontecendo", questiona. César Lucas exemplifica que tem dúvidas sobre o que cursará na universidade no próximo ano e pergunta como um aluno de 1º ano poderá tomar esse tipo de decisão.

O estudante também teme que professores fiquem sem emprego devido à divisão em áreas de ensino e não em disciplinas, salvo para Português e Matemática. Para ele, a reforma não traz nenhum tipo de melhoria, sendo, inclusive, prejudicial à formação dos alunos. "Eu, com certeza, passaria Física e Química porque eu não gosto. Não é bom colocar essa decisão na mão de aluno, de escolher o que quer para o futuro tão cedo", pondera.

OS DOIS LADOS

MEC

A implementação da BNCC é o caminho para um Ensino Médio flexível, com  disciplinas integradas e que preza pela formação integral do estudante.

Com a homologação da BNCC do Ensino Médio, as secretarias de educação, as escolas públicas e privadas poderão testar novos modelos.

A BNCC contempla competências específicas e habilidades de todos os componentes curriculares.

O Novo Ensino Médio pretende atender às necessidades e às expectativas dos jovens, fortalecendo o protagonismo juvenil na medida em que possibilita aos estudantes escolher o itinerário formativo no qual desejam aprofundar seus conhecimentos.

A formação profissional e técnica será mais uma alternativa para o aluno. O Novo Ensino Médio permitirá que o jovem opte por uma formação profissional e técnica dentro da carga horária do ensino médio regular.

CRÍTICOS

O estudante ter de escolher ainda no primeiro ano um itinerário formativo que ajudará a determinar toda a sua carreira é "um grande problema", aponta Nilson Cardoso.

O aluno terá uma formação restrita com relação a outros conhecimentos que não estão em seu itinerário.

Professores formados em áreas específicas como Biologia ou Química serão responsáveis por ensinar áreas mais amplas que seus conhecimentos específicos, conforme Nilson.

"Não ter a garantia das disciplinas vai levar a um problema institucional formativo", diz Nilson, se referindo à obrigatoriedade apenas das disciplinas de Português e Matemática.

"A escola hoje está interessada em formar uma pessoa que saiba ler, escrever e apertar um botão mecatrônico", afirma Deribaldo Santos. Ele considera que a proposta promove uma alienação dos alunos.

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