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Faltou rigor protocolar à ação policial em Milagres, diz procurador-geral
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Faltou rigor protocolar à ação policial em Milagres, diz procurador-geral

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[FOTO1]O procurador-geral de Justiça, Plácido Rios, anunciou a criação de um grupo de promotores que irá acompanhar as investigações das mortes ocorridas na madrugada de sexta-feira, 7, em Milagres. Durante coletiva de imprensa, Rios declarou que a operação ocorrida naquela noite foi "um fracasso sob todos os aspectos".

"Não verificamos nenhum protocolo de cuidado, de zelo, com a vida dos reféns. Ao que parece, a Polícia sequer tinha conhecimento da existência deles, de acordo com as últimas informações recebidas", disse. E ressaltou: "A operação foi, evidentemente, um fracasso sob todos os aspectos. Não se pode, em nome de resguardar um patrimônio, que era a informação inicial, ter seis vítimas de uma operação dessa natureza".

Conforme ele, as principais questões a serem verificadas são as informações das inteligências policias que chegaram aos profissionais que atuaram na ação, como essas informações foram maturadas e o motivo de não ter havido o que ele chama de rigor protocolar durante a operação. Um dos primeiros questionamentos foi a ausência de uma comunicação com a Polícia Rodoviária Federal, já que possivelmente os criminosos chegariam de outros estados via BR-116.

Uma equipe da PRF atendia a ocorrência de um acidente no quilômetro 495 da rodovia, onde foi surpreendida por militares em diligências para combater grupo que pretendia assaltar bancos em Milagres. O titular da 5ª Delegacia da PRF, Gledstone Chaves criticou a falta de informações repassadas a outros agentes de segurança. "Por que não comunicaram a gente? Uma ação como essa envolve todos os policiais. Fomos atender um suposto acidente e poderíamos ter nos deparado com vários bandidos armados", disse em entrevista à Rádio O POVO CBN Cariri.

Outro item apontado por Plácido Rios é sobre a iniciativa dos disparos. Ele questiona se os policiais estavam sob um comando específico ou se atuaram por iniciativa própria.

No domingo, 9, foram designados dez promotores de Justiça, que atuarão juntamente com Muriel Vasconcelos, titular da comarca de Brejo Santo, na apuração do caso.

O procurador-geral ressaltou que nenhuma investigação paralela será aberta. "Não temos motivo para duvidar que a Polícia do Estado do Ceará, a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) e a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) tenham condição de fazer um trabalho criterioso e profundo para esclarecer os fatos".

De acordo ele, o Ministério Público já está acompanhando as investigações, incluindo as oitivas que estão ocorrendo. Ele afirma que há um diálogo constante entre a promotoria, a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) e a Polícia Civil. "Essa nova equipe se soma para que tenhamos a isenção total, a imparcialidade daqueles que estão atuando e resguardar todas as testemunhas, para que tenhamos a fidelidade desses depoimentos".

O promotor reconheceu possíveis excessos policiais e encerrou a coletiva responsabilizando, antes de tudo, os criminosos que deram início à ação. "O que sabemos de antemão é que eles, sim, são os responsáveis diretos por tudo isso que aconteceu. Claro que a Polícia pode ter tido excessos e ser responsável pela vida de todos os reféns, mas o primeiro ato que desencadeou tudo isso, sem dúvida alguma, foi dos criminosos". (Colaborou Israel Gomes/ Especial para O POVO)

Promotores designados 

Foram designados para acompanhar o caso os promotores de Justiça Humberto Ibiapina, Gomes Câmara, Luciana de Aquino, Fernanda Andrade, Manuel Pinheiro, Nelson Gesteira, Juliana Mota, Daniel Ferreira e Leonardo Marinho, que atuarão em conjunto ou separadamente com a Promotoria de Justiça da Comarca de Milagres, titularidade do promotor Muriel Vasconcelos.

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