De acordo com o Relatório Circunstancial que está na Justiça, desde a infância, ela e os irmãos foram tratados com "extrema violência física e psicológica".
Naturais do sertão cearense, a adolescente de 14 anos veio para Fortaleza com os pais e há mais de quatro anos perdeu vínculo com os dois. Segundo relatórios de assistência social e psicossocial, ela mesmo não reconhece o pai, usuário de drogas e presidiário.
A mãe, que também é usuária de drogas, teve uma relação conflituosa com a filha por não aceitar "a identificação com o feminino que a adolescente apresentou desde a infância". Abandonada aos 10 anos de idade, intercala períodos em acolhimentos institucionais e vivências em situação de rua.
Nos 45 dias que passou no Centro Aldaci Barbosa, a socioeducanda não recebeu visita de familiares. Uma tia foi localizada e mesmo com o Estado custeando as passagens de ônibus, ela não apareceu como acordado. Apenas o juiz Eduardo Gibson foi vê-la e a presenteou com o livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Santi-Exupéry.
Porém, a jovem não é alfabetizada. Assina apenas o primeiro nome e lê algumas palavras. Durante a internação, passou a frequentar a turma de Educação de Jovens e Adolescentes dos anos iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª série).
A adolescente contou pelas unidades por onde passou que teria quatro irmãos. Segundo o relatório, dois deles teriam sido vendidos pela mãe e dois seriam criados pelos pais. Porém, ela não possui contato nem sabe o nome deles.