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As campanhas, os discursos e a realidade de governar
Reportagem

As campanhas, os discursos e a realidade de governar

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Edição Impressa
Tipo Notícia
Há uma situação real de crise na economia do País que ajuda a justificar ações como a que o governo oficializou ontem, na linha de redução da máquina, do corte de cargos e de uma economia anual estimada de R$ 27 milhões nos gastos com a estrutura pública estadual. No entanto, também parece natural que alguns se espantem com o movimento, e o critiquem, já que o discurso de uma campanha eleitoral ainda fresca na memória de todos, muitas vezes na voz do próprio Camilo Santana, dava tons enfáticos ao quadro de finanças equilibradas que apresentamos em meio a um cenário de muitas dificuldades em outros estados.

 

Do ponto de vista político, o pacote de Camilo certamente arranha a ideia de que temos uma situação financeira equilibrada. É inevitável. Porém, também se dê como aceitável o argumento que tenho ouvido de que, ao contrário, o movimento governamental está em linha com o comportamento responsável que se adotou no Ceará ao longo de uma sequência de gestões, de partidos diferentes, considerado o período que vem desde Tasso Jereissati, lá nos idos de 1987.

 

O governo atual, pode-se dizer, opta pelas medidas em coerência com esse histórico recente de responsabilidade fiscal, já que os objetivos estariam mais voltados à precaução. Ou seja, o foco seria evitar problemas futuros na possibilidade de o quadro de crise econômica não se reverter e mais adiante colocar em risco a situação que atualmente nos mantém na lista seleta de estados que conseguem respirar longe dos aparelhos.

 

A política vai fazer a cobrança ao governador de coerência em relação àquilo que seu discurso eleitoral indicava, e é assim mesmo que ela funciona. Talvez seja o caso de esperar, apenas, que os questionamentos oposicionistas também sejam capazes de considerar o que é real e levem à mesa o risco objetivo que representaria simplesmente virar as costas para o que acontece no plano nacional e, amparando-se num quadro de controle maior aparente, optar por não fazer nada. O custo seria muito alto e o melhor é mesmo não pagar para ver.

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