Do ponto de vista político, o pacote de Camilo certamente arranha a ideia de que temos uma situação financeira equilibrada. É inevitável. Porém, também se dê como aceitável o argumento que tenho ouvido de que, ao contrário, o movimento governamental está em linha com o comportamento responsável que se adotou no Ceará ao longo de uma sequência de gestões, de partidos diferentes, considerado o período que vem desde Tasso Jereissati, lá nos idos de 1987.
O governo atual, pode-se dizer, opta pelas medidas em coerência com esse histórico recente de responsabilidade fiscal, já que os objetivos estariam mais voltados à precaução. Ou seja, o foco seria evitar problemas futuros na possibilidade de o quadro de crise econômica não se reverter e mais adiante colocar em risco a situação que atualmente nos mantém na lista seleta de estados que conseguem respirar longe dos aparelhos.
A política vai fazer a cobrança ao governador de coerência em relação àquilo que seu discurso eleitoral indicava, e é assim mesmo que ela funciona. Talvez seja o caso de esperar, apenas, que os questionamentos oposicionistas também sejam capazes de considerar o que é real e levem à mesa o risco objetivo que representaria simplesmente virar as costas para o que acontece no plano nacional e, amparando-se num quadro de controle maior aparente, optar por não fazer nada. O custo seria muito alto e o melhor é mesmo não pagar para ver.