Logo O POVO+
Presidente de Cuba reage após Bolsonaro questionar competência de médicos
Reportagem

Presidente de Cuba reage após Bolsonaro questionar competência de médicos

Miguel Díaz-Canel rebateu afirmações de presidente eleito, que ainda prometeu conceder asilo a cubanos
Edição Impressa
Tipo Notícia Por

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, saiu em defesa dos médicos de seu país que participam do programa Mais Médicos, no Brasil. A declaração foi dada após o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) questionar a qualidade destes profissionais. Sucessor de Raúl Castro, Díaz afirmou que os médicos prestaram um "valioso serviço ao povo brasileiro" e que atitudes assim devem ser "respeitadas e defendidas".

[SAIBAMAIS] "Com dignidade, profunda sensibilidade, profissionalismo, entrega e altruísmo, os colaboradores cubanos prestaram um valioso serviço ao povo do Brasil. Atitudes com tal dimensão humana devem ser respeitadas e defendidas", postou o mandatário da ilha, em sua conta oficial no Twitter.

Jair Bolsonaro afirmou que não há comprovação de que os médicos cubanos que atuam no Brasil "sejam realmente médicos" nem que estejam aptos para "desempenhar a função". Segundo o presidente eleito, o programa é uma espécie de "trabalho escravo para a ditadura". "É desumano você deixar esses profissionais aqui (no Brasil), afastados de seus familiares. Tem muita senhora aqui desempenhando a função de médico e seus filhos em Cuba. Em torno de 70% do salário (dos médicos) é confiscado pela a ditadura cubana".

Bolsonaro afirmou que qualquer cubano que solicitar asilo no Brasil terá o pedido concedido. "Há quatro anos, o governo do PT anunciou que, caso alguém pedisse asilo, seria deportado. Não podemos admitir isso. Não podemos ameaçá-los como foram ameaçados".

Quando deputado federal e ainda pertencia ao PP-RJ, em 2013 Bolsonaro protocolou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão da medida provisória (MP) editada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que criou o programa Mais Médicos. Ele chegou a pedir que fosse concedida uma liminar para suspender a medida provisória.

Ontem, o presidente eleito disse que o Brasil terá capacidade para suprir a demanda por atendimento médico, pois está formando cerca de 20 mil profissionais por ano.

Mesmo diante da declaração de garantias, o presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Guimarães Junqueira, avaliou que povos indígenas atendidos por médicos cubanos devem ser os mais prejudicados pelo fim da participação de Cuba no programa.

"A assistência nas aldeias é feita quase que exclusivamente por médicos cubanos. Ali, nenhum outro médico quer ficar", disse Junqueira. Ele afirmou ter sido surpreendido com a nota do governo cubano.

O presidente do Conasems disse estar em contato com a embaixada de Cuba. De acordo com ele, 1.600 vagas do programa estão abertas. "Mesmo confirmada a saída, não há como retirar os 8 mil médicos de um dia para a noite. Certamente haverá um prazo", afirmou. 

 

Com Agência Estado

Números

448 médicos cubanos atendem em municípios cearenses. A maioria em pequenos distritos, periferias e áreas indígenas

118 municípios contam com profissionais cubanos. As cidades com maior número no CE são Morada Nova e Iguatu

8.332 das 18.240 vagas do programa em todo o Brasil estão ocupadas por cubanos

O que você achou desse conteúdo?