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Para onde caminha aurbanização
Reportagem

Para onde caminha aurbanização

| ECONOMIA SUSTENTÁVEL | Com o crescimento populacional, a gestão pública tem de lidar com desafios maiores. Alinhar as políticas à sustentabilidade é um caminho para desenvolver as cidades
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O Ceará tem um longo caminho pela frente na implantação da economia sustentável na gestão pública, mas algumas iniciativas têm aberto uma nova perspectiva. Em junho deste ano, por exemplo, Fortaleza venceu o prêmio Sustainable Transport Award, competição global de projetos e intervenções inovadoras que promovem a mobilidade urbana de forma sustentável e inclusiva.

[SAIBAMAIS] 

O prêmio concedido pelo Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP) reconhece o trabalho que vem sendo feito desde 2014 pela Prefeitura, que inclui desde uma melhor integração entre os modais de transporte, implantação do Bilhete Único, faixas exclusivas para os coletivos, expansão da rede cicloviária, disponibilização de sistemas de bicicletas compartilhadas e carros elétricos compartilhados (Vamo).

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O secretário executivo de Conservação e Serviços Públicos de Fortaleza, Luiz Alberto Saboia, explica que um dos grandes êxitos do projeto é pensar os problemas da Cidade de forma mais ampla. Não ter alternativas de transporte público mais eficientes, por exemplo, trazia reflexos sobre a saúde pública (os acidentes de trânsito eram a 5ª maior causa de mortes no Município), agravavam a poluição e a questão da vulnerabilidade social, já que deixavam famílias desamparadas. "Partindo deste problema, que era grave, começamos a desenhar uma série de políticas públicas em várias frentes, incluindo parcerias com o setor privado".

 

Ele reforça que a transversalidade de ações entre os diferentes projetos, a parceria com demais entes federativos, iniciativa privada e o engajamento dos moradores são formas de encurtar distâncias para transformações urbanas.

 

A inovação é também um aliado. Não somente para buscar soluções para problemas imediatos, mas planejar as bases para um futuro de desenvolvimento mais sustentável, explica o doutor e professor de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco de Assis Souza Filho.

 

Ele é um dos seis cientista-chefes do projeto iniciado neste ano pelo Governo do Estado, por meio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), para identificar soluções de ciência, tecnologia e inovação para melhorar serviços em áreas estratégicas: saúde, segurança, educação, planejamento, recursos hídricos e pesca.

 

Na parte de recursos hídricos, a equipe dele está traçando soluções para melhorar, por exemplo, a oferta de água, incluindo a diversificação da matriz com projetos de reúso e dessalinização; por meio da inteligência artificial desenvolver sistemas mais eficientes de gestão da água; bem como pensar em soluções para resolver conflitos sobre abastecimento.

 

Na questão da mobilidade, os desafios estão postos em todo o mundo. Até 2030, mais de 66% da população mundial viverá em áreas urbanas. A projeção é da Organização das Nações Unidas (ONU) prospecta até lá 41 megalópoles com mais de 10 milhões de habitantes no mundo. No Ceará, os estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para um crescimento de 6,04% da população neste período, que chegará a 9,6 milhões de moradores.

 

Transformar as cidades e assentamentos em ambientes mais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis são tarefas enfrentados pela gestão pública.

 

Em 2015, o Brasil foi um dos signatários da Agenda 2030 firmado pela ONU para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que estabeleceu uma série de metas em diversas áreas. Mas passados três anos, pouco se avançou em relação ao objetivo 11 que é a formação de cidades e comunidades mais sustentáveis.

 

"Um dos grandes desafios é proteger as matas ciliares que ficam ao redor dos rios, melhorar, o saneamento básico e fazer a retirada de ocupações irregulares. É preciso um olhar mais assertivo sobre estas questões senão cada vez mais os colapsos climáticos serão mais manifestos. Teremos cidades mais quentes e secas mais prolongadas", alerta o professor de geografia da UFC, Jeovah Meireles. 

 

Números

 

66% da população mundial viverá em áreas urbanas Até 2030, conforme projeção da ONU

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